Breve visão sobre a etapa de Bell’s




Márcio Markman*

Assim como já fizera na primeira etapa, na Gold Coast, Adriano de Souza (Foto no topo/Oakley), o Mineirinho, mostra que cravou definitivamente seu nome entre os tops do Circuito Mundial. Venceu suas primeiras baterias de forma incontestável e agora, também como aconteceu na etapa de abertura da temporada, vai bater de frente com o melhor surfista do ano até aqui, Taj Burrow.

Depois de assistir às baterias de Mineirinho, fica claro o que ele precisa fazer se quiser seguir vivo em busca do cobiçado sino oferecido aos campeões em Bell’s Beach. É preciso arriscar um pouco mais. Trocar as manobras mais convencionais e seguras nas primeiras sessões por aquilo que tem agradado ao quadro de árbitros. Manobras inovadoras, rabetas desgarradas, aéreos. Não apenas no momento de finalizar as ondas, mas nos pontos realmente críticos, onde o grau de dificuldade é maior e as manobras rendem mais pontos.

Vai ser dureza. Se não fosse um atleta profissional, Mineirinho certamente pediria um Dreyer antes de entrar na água. Taj Burrow tem se mostrado o surfista mais sólido e a maior referência para o julgamento adotado na temporada. Surf veloz, com pressão e, sobretudo, inovador. Pelo que foi visto até aqui, os carvings já não valem tanto quanto uma batida seguida de uma desgarrada. Algo que o australiano local de Margareth River faz com maestria. Pode até ser que no final Taj continue sendo o Taj que nós conhecemos. Mas a impressão do momento é que ele finalmente está focado para buscar seu tão aguardado título mundial.

Outro brasileiro vivo em Bell’s é Jadson André (Foto do meio). Surfou muito contra Taylor Knox e vai fazer o duelo dos surfistas que melhor surfaram de backside no evento. O potiguar foi muito sólido contra o veterano norte-americano e sequer precisou tirar da cartola seus aéreos maravilhosos para conseguir uma soma acima dos 16 pontos.

O bacana é ver que Jadson já é o melhor estreante do ano. Com o 17º na Gold Coast e pelo menos as oitavas-de-final na segunda etapa, ele desbanca nomes mais badalados, como, por exemplo, Owen Wright e desponta como maior candidato ao tradicional troféu “Rookie of the Year”.

Medina (Foto acima)sai da etapa com um saldo extremamente positivo. Acho que nosso garoto de ouro, “Super Medina”, teve as notas puxadas pra baixo e viu os árbitros darem uma supervalorizada nas ondas do atual campeão do mundo, Mick Fanning. Mas, ainda assim, a vitória do australiano foi justa. Mas, derrotar um ex-campeão mundial (CJ Hobgood) e fazer uma boa bateria contra Fanning é um belo cartão de visitas no WT.

Neco, mais uma vez, pecou na escolha de ondas. Como já ocorrera na primeira etapa, o catarinense surfou bem, mostrou a pressão e a raça de sempre, mas não conseguiu pontuar acima dos 7 pontos por conta das ondas que surfou. Se tivesse feito o que fez em ondas de melhor qualidade, poderia até mesmo ter derrotado o topo Joel Parkinson.

Neco precisa perceber que, pelo sistema adotado na montagem das chaves, estará sempre batendo de frente contra os principais surfistas do tour. Parko, Fanning, Taj, Slater, Mineirinho, Bede Durbige. E, contra esses caras, é preciso fazer algo mais. Se as melhores ondas das baterias ficarem para os tops, eles certamente farão o que os juízes querem ver.

*Segundo o editor do blog, Márcio Markman é um dos dois únicos jornalistas esportivos de Pernambuco viciado em surfe.

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