Burle no topo do mundo




O título era para ser só dele. Afinal, foram anos de vida dedicados às ondas gigantes, aos treinos espartanos, à profissionalização do esporte, à vida saudável. Mas não é no individualismo que é calcada a caminhada do pernambucano Carlos Burle (Foto no topo/MídiaBacana/Al Mackinnon), de 42 anos. Ao ser anunciado o primeiro campeão do Circuito Mundial de Ondas Grandes, o BWWT (Big Wave World Tour) , surpreendeu todo mundo, chamando os surfistas presentes na premiação para erguer, juntos, o troféu de melhor da temporada.

Os destemidos profissionais, que em 2009/2010 viram o surfe de ondas grandes alcançar degraus inimagináveis - na água e fora dela -, aceitaram de pronto a convocação. A emoção ficou evidente não só em Burle como em todos os profissionais, entre eles Peter Mel, Mark Healey, Greg Long, Rusty, Ramon Navarro, Twiggy Baker, entre outros bravos watermens.

"Esse prêmio não pertence a mim. Ele pertence a todos vocês. Pertence ao nosso esporte", disse Burle para os melhores big riders do mundo e para a multidão de jornalistas e convidados na Surfing Heritage Foundation, em San Clemente, Califórnia.

Burle recebeu a honraria um dia depois de participar do Billabong XXL, que premia atuações dos maiores big riders do mundo na temporada. O pernambucano concorreu ao prêmio "Melhor Performance do Ano", mas perdeu. A carioca Maya Gabeira (Foto a cima, ao lado de Burle/MidiaBacana/Al Mackinnon), que recebeu a premiação no XXL na mesma categoria, pelo quarto ano consecutivo, prestigiou o amigo.

"Estou muito feliz por estar aqui e poder remar com vocês estendendo os limites. O que fazemos lá fora não é fácil. É a coisa mais estressante do mundo. Nós nunca sabemos quando nem onde as ondas vão quebrar e as coisas vão acontecer. Não há agenda para nós. Temos de voar de última hora e, geralmente, overnight. E ainda temos que lidar com essas ondas gigantes. Estamos entre os seres humanos mais preparados do mundo", disse Burle, em seu discurso de premiação.

Antes de viajar para a Califórnia, Burle contava aos amigos que pelas suas contas, guiando-se pelas regras e pontuação do circuito, poderia ser indicado o campeão da temporada. Não era nada certo, mas o vaticínio do pernambucano deu certo. Para alegria da comunidade do surfe nacional.

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