Dia desses, ao encerrar mais um dia de surfe no Nordestão, na praia do Paiva, distante 50 km do Recife, meu amigo Charles D'Angelo - longboarder estilo havaiano - atentou para uma cerca que avançava até a areia da praia. Na minha demência, acreditei que aquele conjunto de madeira e arame farpado estava ali há muito tempo. Ele retrucou que não, era coisa nova.
Nesta terça-feira, assistindo a um vídeo feito pelo jornalista Regi Galvão, do site Surfe Nordeste, que acessei pelo Surfguru, ele denunciava o fato. Isso tudo acontecendo um pouco mais à frente do Nordestão, precisamente no pico da Laje, um dos melhores reef breaks de Pernambuco.
Realmente não sei até que ponto os Brennands, donos de toda aquela extensão de terra, que vai de Barra de Jangada até o Cabo de Santo Agostinho, pode cercar a praia e, consequentemente, cercear o direito da população de frequentá-la. O que escuto falar desde a infância, no entanto, é que a praia é pública. Pertence a todos.
Quem vai ao Paiva sabe a dureza que é estar no lugar. As terras, tomadas por um coqueiral quilométrico, são muito bem vigiadas por homens a cavalo. Não se pode levar, sequer, um coco caído no chão. O terreno é deles e as leis de boa convivência entre os donos e os forasteiros, ao meu ver, quem faz é o detentor da posse da grande fazenda. No caso, os Brennands.
Cercá-lo, com intuito de transformar o Paiva num balneário particular, aí é um pouco demais. Basta os grandes empreendimentos imobiliários em curso, cujos condomínios ostentam casas ao preço de R$ 2 milhões.
Essas incorporações trazem modernidade, mas também um risco iminente de degradação do meio-ambiente, com mais esgotos, mais pessoas para matar as cadeias de coral do lugar, mais prejuízo à natureza, já tão molestada no Estado, desde a chegada do Porto de Suape.
Assista o vídeo feito por Regi e tire suas próprias conclusões.
Nesta terça-feira, assistindo a um vídeo feito pelo jornalista Regi Galvão, do site Surfe Nordeste, que acessei pelo Surfguru, ele denunciava o fato. Isso tudo acontecendo um pouco mais à frente do Nordestão, precisamente no pico da Laje, um dos melhores reef breaks de Pernambuco.
Realmente não sei até que ponto os Brennands, donos de toda aquela extensão de terra, que vai de Barra de Jangada até o Cabo de Santo Agostinho, pode cercar a praia e, consequentemente, cercear o direito da população de frequentá-la. O que escuto falar desde a infância, no entanto, é que a praia é pública. Pertence a todos.
Quem vai ao Paiva sabe a dureza que é estar no lugar. As terras, tomadas por um coqueiral quilométrico, são muito bem vigiadas por homens a cavalo. Não se pode levar, sequer, um coco caído no chão. O terreno é deles e as leis de boa convivência entre os donos e os forasteiros, ao meu ver, quem faz é o detentor da posse da grande fazenda. No caso, os Brennands.
Cercá-lo, com intuito de transformar o Paiva num balneário particular, aí é um pouco demais. Basta os grandes empreendimentos imobiliários em curso, cujos condomínios ostentam casas ao preço de R$ 2 milhões.
Essas incorporações trazem modernidade, mas também um risco iminente de degradação do meio-ambiente, com mais esgotos, mais pessoas para matar as cadeias de coral do lugar, mais prejuízo à natureza, já tão molestada no Estado, desde a chegada do Porto de Suape.
Assista o vídeo feito por Regi e tire suas próprias conclusões.
Isso acontece muito no Brasil, é revoltante e inclusive foi tema da minha monografia ("A inconstitucionalidade da privatização das praias"), quando fui expulsa, quase "a tiros", de uma praia em Itacaré, e também impedida de entrar na praia de Laranjeiras. Sou advogada do ramo imobiliário e ambiental, e você tem razão quando diz que a praia é pública, para ser mais específica é "um bem de uso comum do povo". Existe um conceito jurídico de praia que diz: "Praia é ainda o fundo do mar, parte arenosa, que o mar cobre e descobre com o fluxo e o refluxo das águas", e assim considerado bem inapropriável e inalienável, cuja utilização não pode ser restringida de forma alguma, sendo passível de fruição por qualquer pessoa do povo. Resumindo: se os tais Brennands quiserem cercar o imóvel deles, ok; mas, impedir o acesso à praia ou ainda "tentar incluir" área que se encaixe no conceito jurídico de praia, isso não dá e deve ser denunciado para o Ministério Público Ambiental da região.
ResponderExcluirContem comigo para qualquer medida mais drástica...rs...pq essa atitude está errada e não deve ser tolerada!
Todo acesso à praia é livre. Na Bahia, Scar Reef fica numa fazenda, então o acesso é camihando pela praia. O que vi nas imagens são cerca dentro da área privada ou pelo menos um pouco além quase na areia, mesmo assim o acesso provavelmente vai ter que ser pela areia numa caminhada cruel. Vai embaçar, claro, mas como o condominio vai ser VIP e tal, eles vão dificultar o máximo, não só para o surfista, mas tb para o farofeiro, horror desses bacanas metidos a bestas feras. É umas lástima essa mentalidade contra o surfe ou contra a acessibilidade. O que se pode fazer é colher assinaturas para tentar entrar com uma ação no MPPE para forçar liberar uma trilha de acesso.abs parabéns pelo blog
ResponderExcluirValeu Lígia, valeu Arnaud! É isso aí. Se não fizermos nada aqueles que tem o poder nas mãos sempre vão arrumar maneiras de dobrar a Justiça para ter uma vantagem. Lígia, qualquer coisa, seu eu precisar de uma ação mais drástica :), conto com vc. Manda teu e-mail para mhenriquejc@gmail.com.
ResponderExcluirValeu!