Dupla casca-grossa

Passado o Brasil Surf Pro, dois surfistas deixaram ótima impressão: o cearense Márcio Farney (Foto no topo/Fábio Minduim/BRASIL1 ESPORTE), vice-campeão da etapa de Ubatuba-SP, e o potiguar Alan Jhones (Foto acima: Fábio Minduim/BRASIL1 ESPORTE), terceira posição. Por que falar só dos dois, se o carioca Leo Neves sagrou-se o campeão, e o paulista Heitor Pereira, também fez pódio, na mesma posição de Jhones? O motivo, na realidade, é uma premonição, misturada a uma observação dos últimos eventos, misturada à qualidade de Farney e Jhones, como surfista.

Farney já tem uma estrada no circuito brasileiro. É um daqueles guerreiros saídos de Fortaleza, rumo a Florianópolis-SC, que passaram todo tipo de privação para crescer profissionalmente, acreditando num sonho.

Faltava-lhe um resultado para impulsionar sua carreira. O WQS da Bahia, ano passado, do qual saiu vencedor, deu outros ares ao surfista. O evento era de apenas três estrelas, mas ele queria mostrar para si que podia chegar no lugar mais alto do pódio. E chegou. Foi emocionante.

A partir dali, Farney, que tem uma linha de surfe impressionante, estilo polido e limpo, agora começa a acreditar no seu potencial. Sua confiança é evidente. Por isso, a temporada pode, sim, ser dele. Aqui e nas etapa do WQS, deve surpreender. Quem o viu surfando no BSP, entende o que digo. Condições difíceis, e o cara na maior tranquilidade, desfilando o seu leque de ataques à onda.

Alan é um desses casos interessantes do surfe. Tem um estilo moderno e consistente, mas até pouco tempo sofria com a falta de patrocínio e certo esquecimento da mídia. Nunca foi um "golden boy" brazuca. Entrou no time da Pena e mudou sua vida. Em 2009, mostrou do que é capaz. Fluído, venceu três etapas das nove do Circuito ANS, entre outras boas colocações, e comprovou que seu título regional não ocorreu por acaso.

Este ano, venceu a primeira etapa da Seletiva Petrobras, meio que sobrando, e foi terceiro no BSP. Se tivesse um pouco mais de calma... poderia ter feito até a final. Inexperiente em nacionais, deixou Leo Neves muito à vontade na bateria. A disputa, n entanto, serviu para que ele evoluísse mais o seu jogo.

Farney e Alan encerraram a competição brasileira com um saldo muito positivo. E mostraram que não estão para brincadeira na atual temporada. Para vencê-los na água o adversário terá de sangrar. E se não perderem o foco, o que acho difícil, é mais show de surfe brazuca que vem pela frente.