ENTREVISTA/Carlos Burle


Hoje é o grande dia do Billabong XXL Global Big Wave. O "Oscar das Ondas Gigantes" começa às 23h30 (horário de Brasília), no Grove Theater, em Anaheim, na Califórnia. Quatro brasileiros lutam pelo título, entre eles o pernambucano Carlos Burle (Foto: Red Bull/Divulgação), pela performance geral, em 2010 - os outros são Alex Martins, Danilo Couto e Maya Gabeira (para assistir ao vivo, http://billabongxxl.com/main_page/).

Para homenageá-lo, vou publicar aqui uma entrevista concedida a mim e veiculada no Jornal do Commercio, do Recife, há quase dois meses. Burle havia acabado de participar do campeonato em Mavericks, no qual pegou o que deve ter sido a maior onda já surfada na remada, em todos os tempos.

Anualmente, o recifense esbanja disposição em busca das maiores. O curioso é que Burle nasceu num Estado que, definitivamente, não se gaba de ter as maiores ondas do Brasil - com exceção das que chegam a Fernando de Noronha, claro.

Abaixo, a entrevista do ídolo nacional.

JORNAL DO COMMERCIO - Como foi o clima antes da realização do Mavericks Pro, o que você esperava e o que encontrou?
CARLOS BURLE - Um clima de expectativa boa devido a presença do El Nino. Esse fenômeno que ajuda muito na formação das ondas grandes e que este ano está superpresente. Esperávamos um evento com condições grandes e perfeitas... Mas fomos surpreendidos com as maiores ondas num evento de remada na historia.

JC - Você chegou à conclusão que aquela sua onda marca uma nova era no surfe em condições gigantes?
BURLE -
Estamos pegando ondas cada vez maiores na remada. O que é muito bom, mas ao mesmo tempo muito arriscado. O nível subiu e o perigo também.

JC - No momento que você remou para aquele monstro, dropou e caiu, em meio a uma massa descomunal de água, o que passou pela sua cabeça?
BURLE
- Apesar de todos os sentimentos e emoções juntos, tipo, pensar em minha família e amigos, na minha vida por um fio e de sentir que poderia morrer ali, na frente de todos, mantive a esperança.

JC - E depois que saiu daquela situação cabulosa?
BURLE
- Vou voltar lá para ganhar esse evento.

JC - Na opinião de "geral" a onda foi muito mal avaliada. Não é a questão de reclamar, mas você acha que os brasileiros devem engolir a história de que você errou ao querer dominá-la?
BURLE
- Bem, deixamos um espaço para essa questão. Tenho certeza que após esse evento o julgamento nunca mais será o mesmo. Tenho certeza que tudo para gente é mais difícil. Principalmente por não estarmos em casa. O que me deixou mais triste foi o fato de ter feito algo tão extraordinário para nossa comunidade e, no final, ainda saí como o errado e sem nenhum prêmio de incentivo. Está na cara que se fosse alguém do meio, mesmo que não ganhasse o evento, sairia dali como herói.

JC - O que você achou do formato da competição?
BURLE
- Normal. É assim que estamos competindo há muito tempo. É justo, bateria homem x homem. O problema foi o julgamento!

JC - Depois desse campeonato, já reavaliou como será sua preparação e se também enfatizará mais, este ano, as ondas grandes na remada?
BURLE
- Tenho me preparado constantemente. Esse evento foi uma grande lição de vida. Tenho certeza que aprendemos muito mais com nossas derrotas. Foi muito triste, mas ao mesmo tempo viveria tudo novamente. As minhas conquistas são muito mais difícies e ao mesmo tempo, muito mais prazerosas.

JC - O que significam as ondas gigantes para você?
Burle
- Minha vida. Eu sei que tenho muitos defeitos e qualidades. As minhas conquistas dentro d'agua fazem um importante papel na minha evolução espiritual.

JC - Hoje você é considerado um embaixador mundial do surfe de ondas grandes. O que espera conquistar ainda no meio?
BURLE
- Nada, quero retribuir ao meio.

JC - Pernambuco, Estado que não recebe grandes sweels e tem ondas apenas médias, tem algum "teco" em todas essas suas conquistas?
BURLE
- A maior força está dentro da sua cabeça, assim como suas maiores limitações. Eu sou muito feliz com o meu destino. Adoro meu minha cidade natal, meu Estado, minha família e amigos. Sei que temos sempre o melhor ambiente para evoluirmos. O resto é por nossa conta.

JC - Você já é pai de Iasmim e, recentemente, ganhou Reno, seu segundo filho. Ele chega no seu ápice. É um gás extra para continuar desbravando novos picos?
BURLE
- Claro. Tenho que trazer mais leitinho para eles. É uma questão antiga de sobrevivência básica.

Comentários

  1. entrevista showww, parabens!!! burle é e sempre vai ser uma demonstração de garra e superação! um mito no surf do nosso estado!

    ResponderExcluir

Postar um comentário