O Iluminado e a borboleta


Desde o início da etapa do World Title da ASP, em Santa Catarina, o Billabong Pro, realizado na praia da Vila, em Imbituba, dei quase 10 posts do evento. Ser blogueiro é difícil porque as metérias em cima de campeonatos têm sempre de vir com uma análise ou coisa aparecida. Para falar novamente de Jadson André (Foto: ASP/Divulgação) a coisa piorou. Estava dando uma olhada, dos quase 10 textos, uns cinco são exclusivamente dele. A referência, na maioria das vezes, tinha um contexto elaborado, com o intuito de sair do lugar-comum.

Jadson levou o título em Imbituba, como eu acreditava que pudesse acontecer - está escrito lá trás -, mas ficou difícil de falar do garoto, de 20 anos.

Como já escrevi quase tudo, uma situação, me chamou a atenção. Uma borboleta, por 10 segundos, pousou no braço do potiguar. Ali, como se fosse um aviso, Jadson pensou que poderia levar a caneca.

Isso foi na primeira fase, quando perdeu para Neco Padaratz. De lá para cá, arrepiou. Foi crescendo tecnicamente e, ao mesmo tempo, ganhou confiança para fazer o que dava na telha. Acertou, no final, justamente na "telha" do maior surfista de todos os tempos.

Vingando não só Adriano de Souza, o Mineirinho - seu amigo, diga-se -, mas tantos que caíram diante de Kelly Slater, que passou bons 15 minutos para sair da água, após a derrota. Perder para um rookie numa final tão importante para o "Projeto Deca" foi um pouco demais para seu ego.

Os animais no surfe sempre trazem bons ventos. Antes de ser campeão, em Imbituba, em 2007, Mick Fanning disse ter visto um golfinho e que aquilo, de alguma forma, o fez pensar no irmão, falecido alguns anos antes. Aquilo o fez acreditar que ergueria a taça. Jadson trocou uma ideia com a colorida borboleta. E seu surfe saiu coloridinho, cheio de matizes, como tem de ser nos dias atuais.

Mostrou que tem jeito brasileiro no samba dos gringos - para eles, surfe é coisa só de australaiano, norte-americano e havaiano. Bendita borboleta. Só assim, de maneira insólita, para os brasileiros acreditarem que podem ir além. Não me pergunte o motivo, mas algo me diz que Jadson aprendeu o caminho das pedras.

O CAMINHO DE JADSON

Final
Jadson André (BRA) 14.40 x 14.00 Kelly Slater (USA)

Semifinais
Jadson André (BRA) 17.70 x 16.67 Dane Reynolds (EUA)

Quartas de final
Jadson André (BRA) 15.50 x 15.27 Michel Bourez (TAH)

Oitavas de final
Jadson André (BRA) 16.83 x 10.83 Luke Munro (AUS)

Segunda Fase (repescagem)
Jadson André (BRA) 15.26 x 9.23 Damien Hobgood (AUS)

Primeira Fase
Adriano de Souza (Bra) 12.17
Jadson André (Bra) 13.24
Neco Padaratz (BRA) 14.50

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