Pressão aos 16


Gabriel Medina (Foto: Steve Robertson/ASP) caiu em Bell's Beach. Deu o óbvio. Perdeu para o bicampeão mundial Mick Fanning no Rip Curl Pro. Como deve estar a cabeça do garoto neste momento? Medina pode dizer que está bem. Convidado pelo patrocinador do evento para participar do evento, deve emendar, ainda, que está ali para adquirir experiência. E só.

Isso tudo pode ser verdade - mas existe uma possibilidade, mesmo remota, de o garoto, de 16 anos, estar de ressaca por causa da derrota. Afinal, foram dias mágicos em Bell's, assédio fora do normal e paparicos sem fim.

O maior talento nacional, apontado por muitos como um fenômeno mundial, ainda arrumou tempo para vencer a competição de grommets realizada pela Rip Curl, nos intervalos da etapa WCT.

Existe a pressão, sem dúvida. E ele dá conta do recado. Mas, quanto tem sofrido nessa nova etapa da vida? Existe medida, não existe?

Uma entrevista concedida na Tasmânia deu mostras que, a cada dia, os projetos do garoto ficam mais sérios e mais iminentes. Não tem mais essa história de chegar à elite internacional em dois, três anos. "Se for este ano, muito bom. Vou tentar", afirmou Medina. Quanto um projeto desse tamanho faz bem à cabeça de um adolescente?

Os anos cobrindo futebol me ensinaram lições que servem para casos como o de Gabriel Medina. Vi nascer ano a ano craques de bola. Meninos que impressionavam tamanha a qualidade técnica, a facilidade de jogar. Mas a pressão da torcida, dos dirigentes, da família acabava atrapalhando tudo.

Felipe Coutinho, do Vasco, é um exemplo. É bom? É. Mas está jogando a bola que realmente tem? Ou que acham que tem? Ainda não. Tem seus altos e baixos. E ninguém sabe se vai dar em algo mais concreto mais na frente.

Com experiência no manejo dos seus talentos, Mick Fanning é um exemplo disso, sei que a Rip Curl, patrocinadora de Medina, está assistindo a tudo. Que está administrando a carreira do garoto da melhor forma possível. É que eu mesmo, tanto escuto e assisto, que também me sinto envolvido por essa torcida pela aceleração. Alguns caminhos são perigosos. Tudo tem o seu tempo.

O que dá uma tranquilidade maior é, justamente, a tranquilidade de Gabriel Medina. O mundo pode acabar e ele está ali, com seu semblante inabalável. Perdeu a bateria? E daí? Sua maneira de ser joga a favor do seu sucesso. Tornar-se um campeão é ter por trás um lastro não só de talento, mas também de fatores subjetivos, como esse sossego natural do prodígio.

Aqui nada foi inscrito com base científica. É empirismo dos bons. E um toque a mais para que esse menino possa chegar até onde ele tem reais condições de ir.

Abaixo, o vídeo em que ele tirou dois 10, na França, no The King of de Grooms, na bateria com o amigo Caio Ibelli.

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