ENTREVISTA/Danilo Costa



A primeira vez que vi Danilo Costa (Foto acima: Daniel Smorigo/ASP South America) surfando, ao vivo, foi em Maracaípe, há uns quatro anos. Já conhecia suas façanhas da época do extinto WCT e suas performances por meio de vídeos. Nesse dia, em Maraca, as valas passavam pouco de meio metro. Mesmo assim, ele procurava os tubos. Entrava e, melhor ainda, saía seco daqueles pouco profundos canudos. Danilo tem talento de sobra. Não à toa, é legend da Oakley. Nada mais justo para um cara que surfa muito, tanto nas baterias quanto fora delas. Abaixo, os melhores momentos da entrevista que o potiguar, gentilmente, concedeu ao Surf Is In The Air.

SURFISINTHEAIR - Você faz parte da seleta lista de brasileiros integrantes da elite mundial. O que mudou daquela época para agora?
DANILO COSTA
- O circuito Mundial tem mudado bastante em vários aspectos. Mas centro essa minha resposta no que acho que ainda está ruim. Em termos de pontuação, acho que piorou, pois os eventos "prime" valem muitos pontos e os outros campeonatos, os menores, perderam valor. Quanto à premiação, ela ainda está muito baixa, até pela força que indústria do surfe representa no mercado. Acho também que empresas maiores, como de automóveis e telefonia, só para citar dois segmentos, deveriam patrocinar os eventos e as de surfwear, patrocinar atletas. Os campeonatos seriam mais ricos e famosos. E os surfistas, consequentemente, teriam uma melhora incrível no nível técnico, que já tem melhorado de forma incrível. Assim, a renovação seria cada vez mais rápida.

SURFISINTHEAIR - Quais etapas você se lembra com carinho da época de WCT?
DANILO
- Com certeza a etapa de Teahupoo, de 2003, foi a mais marcante da minha carreira, quando fiquei em terceiro lugar. Infelizmente, no campeonato seguinte, quebrei meu pé e fiquei de fora do circuito por quatro meses. Quando voltei, já estava na etapa da França. Na de Mundaka, fiz uma bateria incrível. Nunca tinha surfado aquela onda até essa bateria. Na minha primeira apresentação, peguei três tubos e passei de fase com folga. Pena que o evento não rolou mais no pico de Mundaka e o encanto acabou. Essas foram as etapas que marcaram minha carreira no WCT.

SURFISINTHEAIR - Me conta um pouco da melhor trip que você fez na sua vida?
DANILO
- Foi no Tahiti, em 1998. Um ano antes, tinha ido pela primeira vez para lá, mas não tinha pego as ondas de verdade. No ano seguinte, o mar do Tahiti mostrou sua força e passei quase 2 meses por lá. Tive a oportunidade de pegar as melhores ondas da minha vida.

SURFISINTHEAIR - Como você tem dividido o seu tempo em relação aos campeonatos e aos "deveres" de legend da Oakley?
DANILO
- Eu nunca deixei os campeonatos de lado. Só não estou correndo o circuito mundial integralmente porque depois de 13 anos me cansei um pouco. E o circuito está com um calendário muito apertado. Não estava conseguindo conciliar com as "surf trips", que é a essência do esporte. Agora estou me dedicando ao Brasil Surf Pro, que é a elite do surfe brasileiro e viajando para o meu patrocinador.

SURFISINTHEAIR - Como você vê o surfe nordestino atualmente?
DANILO
- Está mais forte do que nunca. A prova disso foi a vitória do jovem potiguar Jadson André, na etapa do circuito mundial realizada em Santa Catarina, que impressionou todo mundo. Isso fora o circuito brasileiro, que é repleto de atletas dessa região. Além do mais, ainda existe o circuito regional que o Nordeste oferece e faz com que os atletas da região não precisem mais migrar para outros lugares do Brasil para ser reconhecido.

SURFISINTHEAIR - E o surfe Brasileiro, com essa nova geração, tem reais chances de chegar ao título mundial?
DANILO
- Tem sim. A nova geração está chegando no Mundial bem mais preparada, tanto no surfe como psicologicamente. E como costumo chamar, a "Era Mineirinho" despertou o desejo dessa garotada de se tornar campeão mundial. E quando a cabeça pensa dessa forma o corpo vai junto com esse desejo. Por isso acho que em breve teremos essa elegria.

SURFISINTHEAIR - Como é o seu cotidiano?
DANILO
- Acordo cedo e vou surfar. No período da manhã não faço mais nada. Na parte da tarde faço aulas de pilates e, três vezes por semana, realizo um treino específico de piscina.

SURFISINTHEAIR - Quais os seus planos para este ano?
DANILO
- Ser campeão brasileiro.

SURFISINTHEAIR - Para encerrar, como foi que o surfe surgiu na sua vida?
DANILO
- Foi quando me mudei para Natal, com 12 anos. Quando cheguei na praia de Ponta Negra e vi a galera surfando, me encantei. E pedi para meu pai comprar uma prancha para mim. Depois desse dia não parei mais.

Comentários

  1. Massa o bate papo com o Costa, um atleta referência do surf brasileiro.

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