ENTREVISTA/Zezito Barbosa





Zezito Barbosa começou a surfar em Boa Viagem, Pernambuco, muito cedo. Hoje, embora ame sua terra, está mais para um cidadão do mundo. Mora na Austrália há pouco mais de três anos, mas sua casa mesmo é onde tiver as ondas perfeitas. Aos 43 anos, pode-se dizer que tem uma imagem sólida no espoorte. É referência no Brasil tanto dentro como fora da água. Sua missão? Revelar o surfe para o planeta, da melhor forma possível. No Surf Is In The Air, com grande ajuda da sua esposa, a jornalista Roberta Mayanah, conta um pouco dos seus 37 anos de surfe, sua trajetória como amador, profissional e freesurfer. História das boas ele tem aos montes. É só conferir abaixo.

INÍCIO
Em 1972, na praia de Boa Viagem, no Recife, em Pernambuco, com uma prancha de isopor comprada num supermercado, com uma quilha de madeira adaptada ao fundo da prancha.

INFLUÊNCIAS
Ninguém, a própria natureza, o mar e as ondas me chamaram para seguir uma vida sadia mentalmente e espiritualmente. Estava na praia, certo dia, e senti uma energia muito boa vinda oceano. Não sei explicar direito. Na época, o surfe se restringia a Boa Viagem e Piedade. Minha primeira onda surfada foi em frente ao edifício Espanha, em Boa Viagem.

PRIMEIRO TÍTULO
Foi em 1975, em frente ao edifício Acaiaca. Era o Campeonato Pernambucano Amador. Por incrível que pareça, já exitiam campeonatos de surfe naquela época.

COMPETIÇÕES
Comecei a competir, mais ou menos, em 1973. Em 1975 obtive a minha primeira vitória. Daí por diante não parei mais de competir, aposentando-me das competições em 2005. Participei integralmente de eventos por todo Nordeste e Sudeste do Brasil.

TAÇAS IMPORTANTES
Todos os campeonatos Pernambucano e Nordestino que venci, e um Campeonato Brasileiro em 1983.

VIAGENS
Comecei a viajar bem cedo, ainda garoto. Fiz também várias viagens pequenas por todo o Brasil. Tenho 14 temporadas em Fernando de Noronha, duas no Hawaii, uma na Califórnia, uma na Indonésia, em Bali. Fiz rápidas viagens para a America do Norte, do Sul e Central. Residi na Nova Zelândia por um ano e três meses e moro, atualmente, na Austrália, há 3 anos e meio.

PICOS
Nordeste do Brasil: Cacimba do Padre, Serrambi, Laje (Praia do Paiva), praia do Francês e Itacaré. No Sudeste: Saquarema e Maresias. No Sul: Praia Mole e Guarda do Embaú. No Exterior: Newport Beach (Califórnia); Honolua Bay, Sunset e Haleiva (Havaí); Raglan e Te Awanga (Nova Zelandia); Snaper Rock's, Long Reef, Bell's, Narrabeen e Winkipop (Austrália); e Uluwatu, Padang Padang, Serangan e Nusa Dua (Indonesia).

ACONTECIMENTOS
Minha primeira vitória, quando venci o campeonato Pernambucano em 1975. A organização do evento quis repartir a medalha de primeiro lugar ao meio e dividí-la com o outro surfista finalista, porque tínhamos empatado. Enfim: resolvemos tirar no par ou ímpar quem ficaria com a medalha. E ganhei, ficando assim com a medalha e ele com a premiação. Tem também minha primeira vítória no campeonato Norte/Nordeste, na praia de Salgema, em Maceió. Recebi o troféu de campeão das mãos do Governador do Estado de Alagoas, na época Fernando Collor de Melo. Quando venci o campeonato Brasileiro numa final emocionante contra os surfistas cariocas Cauli Rodrigues, Daniel Friedman e o potiguar Sergio Testinha. Quando fui capa da famosa revista de surfe da época Visual Esportivo, em 1988, junto com o surfista australiano e ex-campeao mundial Damien Hardman e o norte-americano Mark Stuart, ex-campeão mundial de bodyboard. Quando fundei e construí como sócio proprietário, junto com Fernando Câmara, a primeira e única fábrica de blocos de poliuretanos do Norte/Nordeste do Brasil, a Teccel. As viagens em busca de novas ondas, os meus pais e a família que tenho. O nascimento dos meus dois filhos, Olga e Guilherme. E quando conheci a minha mulher atual, Roberta Mayanah, na praia de Serrambi, no dia do meu aniversário, em Pernambuco. Presentes que recebi de Deus.

HOJE
Trampando e correndo o mundo junto com Roberta, atrás das ondas perfeitas!

RECEITA DA JUVENTUDE
Cuido muito de mim. Não fumo, não bebo, não saio à noite para baladas, durmo cedo para poder surfar na melhor hora do dia, "assim que amanhece", quando todos estão na cama. Além disso, tenho uma vida tranquila.

SURFE BRASILEIRO
Ainda falta um pouco para o surfe brasileiro alcançar o nível de profissionalismo e seriedade que existe em alguns países, como Estados Unidos, Austrália e outros europeus. Quando as pessoas que estiverem na presidência da ABRASP começar a valorizar de verdade o passado do esporte e as opiniões e ideias de surfistas veteranos de renome do País, o surfe brasileiro terá seu próprio caráter e, consequentemente, fará um campeão mundial profissional.

RECADO
Sempre respeitar e transmitir a todos uma imagem saudável e limpa do surfe.

Por Roberta Mayanah
Fotos: Roberta Mayanah
Edição: Marcelo Sá Barreto


Fotos do topo para baixo: Nas duas primeiras, Zezito no site Australiano Swellnet, como destaque do dia em Dee Why Beach, na Austrália, e fazendo o que mais gosta: surfar. Logo depois, surfando no Boldró, em Fernando de Noronha, em 1988. E, mais embaixo, na praia do Cupe, em Pernambuco, em 1986. As duas últimas foram clicadas por Ayrton Kieling.

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