Voo de Alan Jhones


A bateria entre Alan Jhones (Foto: Fábio Minduim/MAXSPORTS) e Bruno Santos, pelo Brasil Surf Pro, no Cupe, em Porto de Galinhas, estava prestes a começar. Na areia, escutei de um surfista nordestino : "Presta atenção, Bruno vai perder de "combination". O potiguar, de Baía Formosa, não bateu o carioca de forma tão arrebatadora. Começou atrás, mas, de alguma forma, parecia ter a situação sob controle. E, quando quis, passou à frente e despachou o adversário.

Alan Jhones esbanja confiança sem ser arrogante. Também tem outros atributos. De front ou backside distribui pancadas, ao mesmo tempo que mostra estilo nas piores condições. Tem domínio do tão falado surfe moderno.

Durante todo o Brasil Surf Pro parecia já saber que iria levantar o título. Outros competidores achavam a mesma coisa. Basta dizer que numa pesquisa recente feita entre os próprios surfistas seguidores da ANS Tour, quase todo mundo exaltou suas qualidades. Foi colocado num posto superior.

O ano só mostra que ele está com tudo. Foi terceiro na etapa do BSP em Itamambuca-SP, levou o título da Seletiva Petrobras, em Santa Catarina e, agora, faturou o título da segunda etapa do "Brasileirão do Surfe". Está com tudo. Os mais ligados ao garoto, de 21 anos, acham que ele é um daqueles esportistas que nasceram para o negócio. Um talento nato. É o que é sem ter sido programado. Tudo que mostra nas ondas tem simplicidade. Faz parecer fácil o difícil.

Fico imaginando um talento como o de Alan sendo trabalhado desde cedo, como ocorre com vários da nova geração nacional. Estaria certamente cavando seu espaço no topo. Seria um Jadson André da vida. Mas foi descoberto só recentemente pela Pena, após brilhar nas etapas nordestinas da ANS, levando o título regional em 2009.

Dia desses, o rebuliço no Facebook era grande. Profissionais brasucas e uma boa parte da garotada que quebra por aqui estavam no Tahiti, em Teahupoo, uma das ondas mais temidas e perfeitas do mundo. Todos evoluindo em condições mais extremas que o normal. Logo depois, a mesma "reca" se mandou para o México. O potiguar não estava em nenhuma dessas barcas.

Por mais que a empresa cearense se esforce, entendo que ainda não tenha capital forte ao ponto de investir pesado em Alan para que ele dê o grande salto na sua carreira. Alan é um garoto humilde. É ídolo em Baía Formosa. Não tem ninguém por lá que não curta estar ao seu lado. Não tem ninguém por lá que ele não dê a devida atenção, importância. Tem um caminho de glórias pela frente.

Só falta experiência internacional. Mas aí já não é mais com ele. Ele, ansioso, esperapor esse empurrão.

Abaixo, o vídeo das semifinais e finais do BSP, no Cupe, feito pelo Surfguru. Alan em ação.

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