Pablo Paulino em alta


Às vezes, um movimento e as coisas mudam para melhor. Digo isso pensando no cearense Pablo Paulino. No último domingo (29/08), fez a final do Pantín Classic, na Espanha, etapa seis estrelas do circuito de acesso do ASP World Title. Pablo perdeu a disputa e não melhorou muito a sua classificação no circuito (62º, com 7.267). Mas é preciso ir além de um posicionamento no ranking. O vice-campeonato em mais uma prova da perna europeia 2010 pode ser a centelha que faltava para a carreira do brasuca decolar. Alguém duvida?

Pablo é dono de um surfe internacional. De linha e power, ao mesmo tempo. Foram essas características que o levaram a ser o único bicampeão mundial júnior. Nos últimos eventos, dentro e fora do Brasil, até ia bem. Mas os resultados eram aquém da sua qualidade técnica. Mesmo perdendo a final do Pantín Classic para o desconhecido neozelandês Billy Stairmand, a leitura correta é a de que seu foco mudou. E que pode voltar a trilhar o caminho das vitórias.

Ex-menino de ouro da Billabong, a mudança de casa - agora está na Hawaiian Dreams - pode ser o motivo de uma provável guinada. Na Billabong talvez estivesse acomodado. E para chegar no alto, como profissional, o atleta tem de estar sempre "gerando na alta", como se diz no Recife. Nos vídeos das disputas no Pantín Classic, achei Pablo até mais magro. Linha e surfe, então, afiadíssimos.

Ele também está sendo acompanhado pelo Cades, centro especializado em treinamento de alto rendimento no surfe, coordenado pelo técnico Pedro Robalinho. O carioca sabe o que tirar dos seus atletas, e isso também reflete nesse momento do cearense.

Outros surfistas que chegaram bem no Pantín Classic podem tirar o mesmo proveito psicológico de Pablo. Pedro Henrique (ficou nas quartas), outro que já foi campeão mundial júnior, e Bernardo Pigmeu (ficou nas oitavas) têm todas as condições de chegar junto no ranking mundial de acesso. Pedrinho mostra que não estava morto. Só faltava o patrocínio. Agora que a HD chegou junto, tem tudo para voltar aos tempos áureos, quando mandava e desmandava entre os da sua idade.

Pig, idem. Pela qualidade que tem, não pode ficar se contentando apenas em passar uma, duas baterias por competição. Sei que isso deve incomodar o pernambucano, que no ano passado deu uma reviravolta justamente nas provas do segundo semestre, ficando a uma posição da elite deste ano.

Quanto mais gente brigando por espaço internacional, mais valor vão ter de dar ao surfe brasileiro. E só começando a detonar lá fora e não deixando escapar as vitórias, consegue-se o tal respeito. É por aí.

Resultado Pantín Classic

1º) Billy Stairmand (Nzl)
2º) Pablo Paulino (Bra)
3º) Nathaniel Curran (EUA)
3º) Tim Boal (Fra)
5º) Pedro Henrique (Bra)
5º) Heitor Alves (Bra)
5º) Gony Zubizarreta (Esp)
5º) Sebastien Zietz (Haw)
9º) Bernardo Pigmeu (Bra)
17º) Jerônimo Vargas (Bra)
17º) Willian Cardoso (Bra)
25º) Odirlei Coutinho (Bra)
25º) Gustavo Fernandes (Bra)
25º) Alejo Muniz (Bra)
25º) Rodrigo Dornelles (Bra)
37º) Wiggolly Dantas (Bra)
37º) Raoni Monteiro (Bra)
37º) Messias Félix (Bra)

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