Projeto Deca encaminhado


Nominá-lo como fenômeno ou extraterrestre nunca soou tão lugar-comum para um início de texto sobre Kelly Slater, após mais uma etapa conquistada no circuito da ASP, nestes quase 20 anos seguindo a elite do circuito mundial. O fato de ter assumido a ponta do ranking depois de levar pela quarta vez na história a etapa em Lowers Trestles, na Califórnia, é ainda o cúmulo do déjà vu, aqui para nós. O que se tem de novidade, e o próprio surfista admitiu, é que com o novo formato de disputa do ASP World Title, o décimo título do norte-americano nunca esteve tão perto.

É o seguinte. A fórmula do WT, agora, tem duas repescagens. Uma para quem cai na primeira rodada, outra para que perde na quarta. Com duas boas chances de dar a volta por cima numa competição que depende não só da habilidade dos surfistas, mas também das condições do mar, Slater deve sobressair mais.

Após o evento, ele comentou: "As repescagens me deixaram mais tranquilo", comentou.

É por aí. Com uma repescagem, o formato antigo impunha aos atletas um nível de estresse maior. O nervosismo, em momentos cruciais, pode abalar qualquer um. Até o próprio Slater. A regra com duas deixa norte-americano calminho, calminho. Do jeito que ele gosta.

Tanto que perdeu na quarta fase, foi para a triagem e voltou para conquistar o título, vencendo os australianos que apareceram na sua frente - Owen Wright, Mick Fanning e Bede Durbidge, nessa ordem.

Outro detalhe a se ressaltar é um também já conhecido de todos. Dificilmente Slater perde duas vezes seguidas num evento desses. Não lembro, de cabeça, quando deixou de passar para a terceira fase.

Mesmo quando cai para a segunda etapa, aquela que reúne quem perdeu na rodada inaugural de uma competição, sempre passa. É como se absorvesse a derrota inicial melhor do que qualquer um.

Se há prêmio de US$ 10 milhões da Quiksilver para ele conquistar o emblemático décimo título mundial, ou não, uma quase certeza - isso existe? - é a de que o mito deve contabilizar mais uma temporada. Só um pode pará-lo: o sul-africano Jordy Smith. Os próximos capítulos dessa história prometem ser dos mais emocionantes. É esperar para ver.

Abaixo, o ranking e os melhores momentos do último dia do Hurley Pro. Não podia faltar o tubo que Slater pegou na final, definindo, ali, a sua vitória. Tubo em Trestles, naquelas condições, só o extraterrestre, mesmo.

1º) Kelly Slater (EUA) - 40.000 pontos
2º) Jordy Smith (Afr) - 35.500
3º) Taj Burrow (Aus) - 30.500
4º) Dane Reynolds (EUA) - 30.250
5º) Mick Fanning (Aus) - 29.500
6º) Bede Durbidge (Aus) - 27.250
7º) Adriano de Souza (Bra) - 25.000
8º) Owen Wright (Aus) - 22.750
9º) Adrian Buchan (Aus) - 22.000
10º) Andy Irons (Haw) - 21.500
11º) C.J. Hobgood (EUA) - 19.750
12º) Damien Hobgood (EUA) - 18.750
13º) Jadson André (Bra) - 18.250


Comentários