 |
| Bede coloca para dentro em Trestles num dos dois tubos vistos no evento |
Bede Durbidge, como eu, vai ser papai brevemente - no meu caso, vou para o meu segundo neném. "Estar grávido" requer escolhas. O australiano decidiu por ficar de fora da prova de Portugal do ASP World Title para acompanhar de perto o nascimento do rebento. No seu blog, escreveu sobre este momento. E sobre as suas escolhas. E sobre seus embates no campeoanto realizado em Trestles, há 10 dias. O texto é longo. Mas não é toda vez que se tem um relato de um top de maneira tão honesta. Vale a pena ler. O original está nos tópicos do www.aspworldtour.com.
GOLD COAST, Queensland, Austrália (quinta-feira, 28 de setembro de 2010) - Algumas coisas na vida são mais importantes que ganhar dinheiro. Eu sei que ser um surfista profissional é um dos melhores empregos do mundo – se é que o esporte pode mesmo ser chamado de trabalho. Mas me tornar pai pela primeira vez é mais importante para mim do que qualquer coisa no momento. E é por isso que desfalco a etapa do WT de Portugal (Supertubos), em Outubro.
Minha esposa Tarryn e eu estamos esperando nosso primeiro filho. Ele nasce na mesma época desse evento. E quando tive ideia da escolha que deveria fazer... Bem, não havia uma escolha. Para ser honesto foi uma decisão fácil. Família vem em primeiro lugar para mim. Não teria importância mesmo que fosse uma decisão do título mundial – e, sinceramente, não sinto falta disso tudo.
Todo mundo com quem falei a respeito diz que estar presente no nascimento do filho é uma experiência que marca para sempre. Inesquecível. Para mim, este momento é muito mais importante do que qualquer competição. Eu carrego grandes lembranças do surfe, mas cada pai/surfista que eu consultei falou que não há onda que possa se igualar ao sentimento de ser pai! Além disso, não tenho ideia de quanto possa ser difícil o momento antes e depois do nascimento de uma criança. E, realmente, quero estar lá para apoiar Tarryn durante todo o caminho.
Faltar a etapa portuguesa significa uma pontuação a menos no ranking. Mas, ao invés de ver isso como uma pressão extra para me dar bem em Trestles, eu canalizei tudo que estou passando para fazer o melhor possível nas disputas da Califórnia.
Eu cheguei em Trestles excitado. É um lugar que me fez bem no passado. E eu adoro a onda. Há uma tentação irresistível de ir pela vibe do lugar. Um desejo de ir sempre nas maiores. Mas acho que você precisa encontrar um meio feliz. E o fato é que minhas boas participações nas competições realizadas por lá me ajudaram muito no Tour. Eu montei a mesma estratégia que usei em Trestles nos últimos anos. No geral, eu tive um primeiro, um segundo e três terceiros lugares em Trestles. Agora, não tenho dúvida que, definitivamente, é um lugar bom para mim.
Eu tive que trabalhar duro para passar cada disputa. E concorri com atletas com muito gás para dar. O desgaste contra Jordy foi grande. Ele disputou comigo em em J-Bay e eu deixai as sêmis escaparem de minhas mãos. Eu estava ansioso para um novo reencontro. Jordy estava com tudo, havia acumulado durante todo o evento algumas das melhores pontuações. Sabia que ia ser uma bateria dura. Mas eu simplesmente segui o meu plano de jogo. Tive um início rápido e consegui passar. Isso me colocou contra Dane na semifinal. Ele tinha feito performances incríveis em todas as baterias, com manobras extrapolando os limites. Felizmente, para mim, ele não teve o seu melhor rendimento e eu consegui batê-lo. Mais uma vez, tive um início rápido e coloquei um pouco de pressão sobre ele, fazendo-o cometer alguns erros.
Fiquei muito feliz de fazer a final. As ondas estavam ficando melhor a cada momento. Esse é um dos grandes eventos, uma das melhores coisas de estar na turnê - surfe num pico de classe mundial com apenas outro cara! Eu queria ter tido arranque rápido na final, então peguei a primeira onda do set e consegui um 5. A onda por trás seria a opção melhor, mas veio Kelly e acumulou um 7,9 para colocar a pressão sobre mim imediatamente. Eu encontrei dificuldades para obter grandes resultados na bateria. Sabia que tinha que dar aéreos para conseguir uma boa pontuação para chegar perto da nota de abertura de Kelly. Mas caí nas ondas seguintes. Nesse meio tempo, Kelly começou uma onda melhor do que sua primeira - desta vez marcando um 8,9, colocando-me em combinação.
Nos últimos 10 minutos, a maior série de todo o dia passou. Kelly foi na primeira. Eu ouvi o barulho da multidão. Estava pensando que ele deveria ter feito alguma coisa louca. Eu não imaginava que ele tinha pego aquele tubo! Eu fui na próxima e sabia que tinha que ir para o tudo ou nada nela. Então, joguei um 360° carving para cima e completei-a. Eu podia ouvir o entusiasmo da multidão enquanto eu aterrissava. Foi uma sensação maravilhosa. Eu estava de volta à briga, mas apenas por enquanto. Eu precisava de um 9,9 para ganhar - seria o final perfeito. Eu peguei uma última onda, mas caí e fiquei em segundo.
Mesmo perdendo, era uma grande final para estar nela. Uma troca entre Kelly e eu muito legal. O Hurley Pro também foi o primeiro evento a utilizar o novo formato com um grupo reduzido. Eu foi insano. Todo mundo estava superanimado para surfar com gás a quarta rodada, sabendo que ainda tinha uma segunda chance. O surfe nesta fase foi avassalador. Todo mundo estava fazendo o melhor e os espectadores estavam adorando.
Kelly definitivamente tem uma vantagem, agora com duas vitórias. Mas ainda há quatro competições em esquerdas. E acredito que o título mundial está em aberto. Vai ser emocionante ver tudo isso acontecer.
Até a próxima,
Bede Durbidge
Comentários
Postar um comentário