Observatório do Oakley Rio

Fotos: Daniel Smorigo/ASP South America
LOCAL-REI Leandro não deu moleza e arrancou um 9,6 na sua última onda
DUREZA Aritz deu um calor danado nos brasileiros. Por pouco não venceu
SURPRESA Luel mostrou que tem surfe para poder chegar longe no esporte
Ao final do Oakley International Rio de Janeiro, no Arpoador, tirei três conclusões. Óbvias, vá lá. Mas as tirei. Primeiro, ainda não nasceu um forasteiro capaz de tirar o título de um local do pico, em eventos do WQS. Outra foi que os patrocinadores nacionais ainda olham o óbvio na hora de montar suas equipes e, por fim, é sempre bom vencer. Ainda mais quando se tem contas a acertar com o passado.

Nos últimos três anos, as etapas do WQS realizadas no Arpex foram um show de surfe, principalmente de dois locais. Nos dois primeiros, o regular Simão Romão, com um backside afiado, levou a taça. Em 2009, bateu Pigmeu na final. Este ano, coube a Leandro Bastos fazer as honras da casa. Também regular, também assíduo frequentador da praia, foi derrubando seus oponentes um a um - Simão, dessa vez, ficou nas quartas de final.

Na final, pegou um velho conhecido, o representante do País Basco Aritz Aranburu. Há quatro edições do Hang Loose Pro Contest, em Fernando de Noronha, os dois protagonizaram o embate final nas ondas da Cacimba do Padre. Aritz estava encaixado na ocasião e venceu facilmente o carioca. No domingo (10/10), Leandro deu o troco na última onda que pegou. Ele estava perdendo, mas veio a salvadora, aquela que só entra para os conhecidos do pico. Leandro, com sangue nos olhos, foi frio e fez 9,60,  para o delírio dos brasucas.

Entre os terceiros lugares, o japonês Masatoshi Ohno e o pernambucano Luel Felipe, que mais uma vez competiu sem patrocínio. Foi barrado por pouco nas sêmis. E mostrou que tem talento para sobressair dos normais. E isso não é de hoje. Luel participou do The Kings Of The Grooms, na França, classificando-se por meio de uma vitória excepcional na Praia da Macumba, muito grande, com apenas 15 anos.

No evento francês, promovido pela Quiksilver, ficou em quinto. Em 2009 levou o vice na etapa do Sul-Americano Pro Júnior em São Chico, em Santa Catarina. Este ano, vem de segundo lugar no evento do Nordestino da Várzea do Una, em Pernambuco. Luel, de 19 anos, andou tão frustrado por conta dessa maré, que chegou a trocar o surfe profissional pelos estudos - ele faz o curso de publicidade e propaganda. O pai, o vereador Nem Batatinha, começou a bancar suas viagens, como recompensa, e os resultados deram o ar da graça nesta reta final de temporada.

Surfista destemido, está concorrendo ao Prêmio Greenish de Maior Onda Surfada no Brasil, com uma bomba na Cacimba, este ano. E deve ganhar. É por essas e outras que não entendo como sobra talento no Brasil. Vale enxergar além de um palmo à frente dos olhos.

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