A arte de surfar - e armar

Foto: Kirstin/ASP

ANIMADO Mesmo tendo perdido para Slater, Mineirinho ainda luta pelo título

Nos momentos críticos de um embate entre a experiência e a juventude, a primeira tende sempre a levar a melhor. Tirar da cartola, de última hora, um lance inusitado. Atordoando, tirando do sério o vigor, o ímpeto de vencer. Nesta sexta-feira (05/11), encerrado o luto pela morte do surfista havaiano Andy Irons, a penúltima etapa do ASP World Title deu seguimento na Praia de Middles, em Porto Rico. E, no evento The Search da Rip Curl, o quase decacampeão Kelly Slater venceu o brasileiro Adriano de Souza, o Mineirinho, mostrando que quando não dá no surfe, o norte-americano tem suas armas pouco usuais, mas letais.

Mineirinho, desde o início da bateria, apresentou-se de maneira arrasadora. Fez duas notas acima de sete e deixou Kelly, meio atordoado no mar, em situação difícil - àquela altura, Jeremy Flores, o terceiro da disputa da quarta fase, transfomou-se num simples arquibaldo, assistindo ao jogo entre os seus adversários.

Sem se achar e aproveitando o fato de Mineirinho estar sempre ao seu lado, disputando a prioridade na remada, colocando-se melhor que o norte-americano, Slater foi esperto. Dirigiu-se a uma onda que certamente não ia proporcionar grandes possibilidades, esbarrou no brasileiro, que estava ao seu lado, e o fez cometer interferência. No meu modo de ver corretamente apontada pelos juízes. O paulista não soube sair da teia de Slater, que com a penalidade recebida, perdeu a bateria. Slater, por sua vez, ficou muito perto do título mundial.

Não se sabe se o brasileiro estava com vontade acima do normal, mas acabou sucumbindo ao plano do norte-americano. Após a bateria, Mineirinho postou no Facebook. "Cada Bateria que eu enfrento o Kelly, sempre aprendo mais e mais. E essa ultima ele não me venceu no surfe, mas nas técnicas! Por isso, a cada ano no WT, eu preciso aprender mais e mais com Kelly, espero ver ele nas quartas!", afirmou Mineiro, que pega o norte-americano Taylor Knox na segunda repescagem.

Slater, apenas, disse não ter entendido a manobra de Mineiro, de marcá-lo sempre muito junto do início ao fim da bateria. "Ele estava o tempo todo remando para perto de mim, muito junto. Perguntei a ele se ele queria levar aquele jogo adiante. Ele quis. Então, terminou cometendo a interferência", afirmou o surfista, dono da arte de surfar e armar dentro da água - dentro das regras do confronto -, quando é preciso.