ENTREVISTA/Joel Parkinson

ABRAÇOS Parko recebe o carinho dos amigos assim que vence em Haleiwa

Foram quatro meses afastado até que o médico disse: "Vai lá, Joel Parkinson. Você pode voltar a surfar". E o surfe voltou a sorrir. O australiano sofreu um corte profundo no pé direito quando surfava na Gold Cost. Perdeu a chance de lutar pelo título da temporada, mas teve a possibilidade de estar mais perto da família, curtir momentos impossíveis quando se está à caça da estatueta de melhor do mundo. Na sua volta ao tour, na primeira das jóias da Tríplice Coroa Havaiana, venceu em Haleiwa, pico muito apreciado pelo amigo Andy Irons, também companheiro de equipe, que faleceu precocemente, aos 32 anos. Assim que venceu, Parko concedeu uma entrevista à ASP, na qual falou dos altos e baixos da temporada e das lembranças que tem de Irons.

ASP – Como foram as comemorações pela vitória em Haleiwa?
PARKOLouie fez um churrasco. Havia um montão de gente aqui em casa. Comi um sanduíche e bebi uma cerveja observando os tubos que quebram em frente de casa. A comemoração foi muito boa.

ASP – Com a queda do swell, a disputa da final parecia mais um jogo de xadrez. Foi isso mesmo?
PARKOFoi um dia para celebrar a estratégia. O swell não foi consistente o bastante para surfar da maneira que se queria. Tinha de haver alguma sorte, bom posicionamento e uma estratégia bem esquematizada. Na realidade, o surfista se transformou no seu próprio jogo.

ASP – Foi uma luta em que todo mundo só tinha duas boas performances para mostrar trabalho.
PARKOSuponho que sim. Eu tinha uma coisa falando que precisava lutar para encontrar um 6. Foi um daqueles dias em que você tinha que encontrar uma maneira de finalizar o trabalho com sucesso. O surfe não foi o mais bonito, mas havia um monte de gente querendo vencer e essa disputa acirrada terminou sendo bom para o público.

ASP – Durante todos esses meses de reabilitação e fisioterapia para curar o seu pé, você tinha sonhado com uma vitória no seu retorno?
PARKOLogo no primeiro evento, não. Mas depois da minha primeira bateria (ele fez um 10 unânime), sabia que poderia ganhar o campeonato. Voltando de uma lesão e sem estar acostumado ao calor dos torneios, estava esperando mais um choque. Mas em algum momento, eu sei, aconteceria uma vitória. Sei que a cada bateria terminei me sentindo mais forte. E tive um pouco mais de fé no meu surfe.

ASP – Você já está liderando a Tríplice Coroa e, não podia deixar de ser, é o favorito para vencer pela terceira vez seguida. O que isso tudo significa para para você? 
PARKOSeria uma grande coisa uma nova conquista. É o que me resta no ano. Este foi o ano mais radical da minha vida. E conquistar a Tríplice Coroa, num temporada de altos e baixos, seria para mim como acabar o ano em alta. Mas há um longo caminho a percorrer. E muito surfe antes de se chegar ao grande vencedor da Tríplice Coroa.

ASP – Esse foi o primeiro campeonato que você surfou sem o Andy (Irons), depois de muito tempo tendo ele ao lado nos eventos. Ele estava na sua mente o tempo todo?
PARKO Com certeza. E estará no fundo da minha mente para o resto da minha vida. Minhas memórias de Andy vão durar para sempre. Sempre ele estará comigo. Tudo ainda está muito recente. E é difícil traçar qualquer coisa que seja neste momento. Tem sido um ano tão radical - tão triste e feliz em vários momentos. Eu penso no Andy e fico triste. Então lembro do nascimento do meu filho Mali e novamente estou feliz. E penso no filho de Andy e fico um pouco triste de novo. É tudo tão para cima e para baixo... Mas ele realmente faz você pensar no tesouro que você tem. Por mais que eu tenha perdido Andy, minhas lembranças dele e os momentos que tivemos são tão preciosos e tão felizes que eu nunca vou esquecê-los. Nós temos que seguir em frente e pensar positivo, porque é exatamente isso que Andy estaria fazendo. E eu estou ansioso para conhecer seu filho. Vão ser muitos os tios e tias que vão amá-lo e cuidar dele.

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