Luel + Seaway = surfe de ponta

PESO As rasgadas de Luel Felipe sempre vêm com muita pressão
Foto: Eduardo Fernandes/Divulgação
MODELO O surfista de Maraca exibe, em frente a Board Club, a prancha nova com logo Seaway
O ano devia ser 1992 ou 1993. E o pico era o Cupe, em Ipojuca (PE). Para chegar ao local resevado, onde estava o palanque, na beira do mar, havia uma trilha curta da pista que vai dar em Porto de Gainhas até a praia. O caminho era cercado de coqueiros. Estava longe dos tempos antigos daquela região. Aos poucos a especulação imobiliária tomava conta do lugar com pequenos condomínios, mas o ambiente exalava um clima roots típico dos filmes antigos de surfe. Os atletas espalhavam-se na areia, com rostos peculiares, diferentes dos vistos nas fotos de revista, com o cabelos molhados, fazendo algum malabarismo nas ondas. Tenho certeza de ter reconhecido Pedro Muller, o Águia, no auge da carreira, debaixo do seu guarda-sol.

O campeonato era o Seaway Classic. Célebre. Reunia o que havia de melhor no Brasil. Era um fim de semana de sonho. Recife se mudara para a pequena Porto de Galinhas. Campings lotados. Carros chegando a mil com as pranchas nos racks. Respirava-se surfe. Tinha uns 16 anos e viajava com aquele clima. Surfar? É, tinha de se jogar em Maraca... Mas pegar as ondas era o mais difícil. Nunca tive muita aptidão para o esporte e a vida, com sua honestidade cortante, já me dizia isso na época.

 À noite, Porto era a pedida. As confusões também. As rodas de capoeira que acabavam em porradaria, idem. Os surfistas fazendo o que não deviam tendo bateria cedinho do domingo era mais comum ainda. Tudo dentro dos conformes. Os dias de Seaway Classic eram mágicos por isso mesmo.

A marca, para nós pernambucanos, era mágica. Vestir uma bermuda com o tradicional símbolo triangular, para surfista ou não, revelava o mesmo sentimento de calçar um Ki-Chute, que aparecera tempos antes. A Seaway era um orgulho do Estado. Era a prova que Pernambuco estava antenado com o que tinha de moderno no surfe.

Aos poucos, seja lá qual for que tenha sido o motivo, a Seaway mudou de trajetória. Passou à moda fashion, tirou sua marca das competições e só as bermudas continuaram existindo. Mas sem a responsabilidade de ser do surfe. Estavam ali, na vitrine. Se quiser comprar, pode comprar. Mas era só isso. Sem apelos surfísticos, sem os homens fantásticos e suas ondas perfeitas.

Ter visto a foto de Luel Felipe com o logo da Seaway estampado na sua prancha teve uma reação imediata em mim, no site Surfguru - com texto de Eduardo Fernades, o Rato. Naquele momento, o passado veio de súbito na minha mente. Ter lido que um dos surfistas mais promissores do Brasil vai poder viajar para competir e tentar participar do time brasuca que será formado para o Mundial Júnior em 2012, me fez voltar a sentir o orgulho de antes. É aquele pensamento: "Se a Seaway está na jogada, o que pode dar errado?"

Os tempos são outros. O mercado está mais dinâmico. Mas acredito que a velha marca pode sim reconquistar seu espaço. E tem experiência suficiente para manter a sua linha fashion e, paralelamente, a de surfe. Nem sei se o caminho é este. Mas tendo Luel como atleta talvez esse seja a pista a ser trilhada.

Feliz realmente pela Seaway e pelo menino de Maracaípe, filho de Nem Batatinha, que tanto tempo penou por um patrocínio e agora tem um para poder mostrar seu talento pelo mundo. No Rio de Janeiro, em outubro, mostrou com duas terceira posições, em WQS seis estrelas, que tem surfe de sobra para vencer nos eventos seguintes e correr o Sul-Americano Sub-20, em 2011, a fim de se garantir na elite dos juniores mundiais.

Sem mais, parabéns pela volta, Seaway. Parabéns pelo patrocínio, Luel Felipe.

Comentários

  1. parabéns para a seaway e luel isso e um ótimo sinal que o surf esta voltando como era antes em pernambuco...

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  2. Alucinante, pernambuco so tem a ganhar!

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  3. Pernambucano nota 10 abrirá o Cyclone Pro Nordeste em PE
    5 de fevereiro de 2009 Deixe seu comentario
    Luel Felipe num lindo aéreo. (Foto: Rodrigo Mesquita / ANS)

    Cearense Thiago de Sousa quer o bi em Maraca. (Foto: Rodrigo Mesquita)


    Texto de Chico Padilha (ANS)

    Pernambucano “Nota dez” abrirá Cyclone Pro -

    Luel Felipe, foi o dono da primeira nota máxima do Nordestino 2008 e abre temporada em Baia de Maracaípe, Ipojuca, PE

    Luel Felipe, de Ipojuca, Pernambuco, é uma das maiores promessas do surf brasileiro, e já mostrou isso sendo, há alguns, anos o primeiro “rei dos grumetes” em grandes ondas do Rio de Janeiro, palco de estréia deste desafio amador no Brasil.

    Ano passado, buscando semifinais do Nordestino em Baia Formosa, Luel garantiu um dez unânime que não foi suficiente para lhe fazer avançar na soma das duas melhores notas, dez que apenas o cearense Michel Roque alcançou rumo a última final da temporada na qual foi terceiro, sua mesma colocação geral.

    http://www.abrasp.com.br/site/index.php/2009/02/05/pernambucano-nota-10-abrira-o-cyclone-pro-nordeste-em-pe/

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