Surfe de 1ª grandeza

Foto: ASP
PERFEIÇÃO Florence se prepara para mais um tubo sensacional na carreira
Resultados, postura, ambição na medida, uma vida toda, mesmo que curta - afinal, estamos falando de um garoto de apenas 18 anos -, dedicada a Pipeline.

O mundo do surfe está vivendo um momento importante no seu palco mais tradicional. O havaiano John John Florence aponta para um domínio longo no seu quintal. E chama a atenção para o  nascimento de uma nova estrela de primeira grandeza do esporte. Nos dois últimos eventos em Pipe (Da Hui Backdoor Shootout, só para havaianos, e o Volcon Pipe Pro, cinco estrelas do WQS), exerceu um domínio naturalmente assustador entre monstros sagrados quando o assunto é entubar no Havaí. E deixou perplexos os especialistas. É como se um rei finalmente tivesse preparado para tomar o seu espaço.

No Volcon Pipe desbancou um a um adversários, até chegar na final com Jammie O'Brien, atualmente mais festejado do que ele - além dos norte-americanos Chris Ward e Aamion Goodwin -, e dominar o topo.

Vencer o evento, nesse caso, fica em segundo plano. O que espanta é a frieza e o conhecimento de Florence de Pipe. Se rema para a onda, o frisson na areia é ensurdecedor. Todos sabem que um milagre vai ser operado pelo menino, naquele momento. Dificilmente erra. Finaliza ondas em condições quase impossíveis. Acelera, quica dentro do tubo e sai com uma traquilidade budista. Digna do personagem Big Z, do filme Surf's Up.

John John apareceu para o mundo do surfe quando, no início da adolescência, começou a dividir o line up com veteranos. Destemido, estava lá, colocando para baixo, sem hesitar, quando outros meninos da sua idade iniciavam um trabalho meramente visual de Pipe, para só depois de algum tempo encarar um dos picos mais perigosos do mundo.

O havaiano fala: "Eu surfo aqui desde pequeno. Conheço essa onda. Já me feri, fui jogado dentro das fendas dos corais... Mas aqui me sinto bem. Amo Pipeline". É por aí. Quem o vê surfar em casa nota a sintonia plena onda/surfista. Como poucas vezes se pôde observar - semelhante à ligação entre Pipe e O'Brien.

Desde novo, o garoto também já era considerado a redenção do surfe competição do Havaí. Cedo, reinou nos circuitos de base, ao lado do brasileiro Kiron Jabour, e já mostrou que pelo menos em Pipe, deve mandar por muitos anos. Resta saber se John John sabe competir em todo e qualquer tipo de condição. Este é o desafio para quem inicia a caminhada no WQS. Não é todo pico do mundo com a consistência e perfeição das praias nas quais costuma surfar no Havaí.

Entrar na elite, então, será um desafio e tanto na sua carreira. Romper o ranking e se fixar entre os tops é coisa das mais difíceis. Mas quando o talento é original - este parece ser o caso de Florence -, o mundo age em direção do indicado.

Em tempo, o havaiano já confirmou presença no Hang Loose Pro Contest, em Noronha. Show à parte para privilegiados que estarão no arquipélago pernambucano assistindo ao evento cheio de charme e ondas de qualidade.

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