Acredite! Aéreo não é tudo

Foto: Divulgação
DOSAGEM CERTA Gabriel Medina é um exemplo de surfista completo
Primeiro, é preciso saber o que se quer. Sim... porque se o negócio for apenas voar sobre as ondas, rodar e levantar as mãos para o céu por mais um aéreo 360º completado, o desafio tem muita chance de ser vencido em pouco tempo. Por baixo, 90% dos garotos que iniciaram no surfe recentemente têm a manha da decolagem. Mas, e se a meta for ser um profissional completo? Aquele competitivamente preparado para, num tempo mínimo de bateria, mostrar um leque variado de manobras - com voos, se for necessário -, que lhe permita seguir adiante nos eventos e nos rankings dos circuitos? Para isso, há que se percorrer um caminho complicado, cheio de curvas, mas que pode ser muito valioso para aqueles que resolverem segui-lo

O tema surgiu de uma conversa com amigos ligados ao surfe profissional. O aéreo está na ordem do dia. A molecada já vem com um "dispositivo da modernidade" conectado no corpo. Mas, o que é considerado também a redenção do esporte - a ASP até já declarou isso e aumentou as notas das referidas manobras -, pode transformar legiões em atletas semipreparados.

Explique-se: criam-se meninos superpoderosos nos voos, principalmente de frontside, mas sem pressão e constância nas rasgadas, batidas, snaps, entre outras manobras importantes. Inegável a plasticidade das manobras ditas inovadoras, mas se a intenção é ser profissional e ter um patrocínio legal, há que ser completo.

Um exemplo a ser seguido é o de Gabriel Medina. Seus aéreos nunca vêm sozinhos. Antes, pode prestar atenção, sempre tem uma rasgada com pressão, uma batida off the lip, um flooter longo para passar o espumeiro e mostrar velocidade e fluidez. Mesmo quando as ondas estão mais deitadas, Medina também consegue com as manobras tradicionais fazer high scores. Vai num caminho semelhante Caio Ibelli, apenas para falar de dois - outros trilham na mesma direção.

Em Pernambuco, meu quintal, uma geração progressiva está surgindo em Maracaípe. A garotada está afiada. Nomes como Gabriel Faria (Biel) e Thalis Luiz têm tudo para se tornar profissionais gabaritados. Ao mesmo tempo, não podem se deixar "contaminar" pelos aéreos. Eles são muito importantes no contexto atual, mas para passar baterias, tem de se ir além. Diversificar o set list de manobras é preciso. Dar o sangue em eventos no Estado e fora dele, como já foi feito por Halley, Alan, Molusco, Luel e Lagosta, idem. Ralar e criar a tal "casca" que garante vitórias e vinda longa no esporte é supernecessário.

Falo de Biel e Thalis porque tenho carinho especial por eles e por Maraca e seus talentos. E vislumbro sucesso enorme em sua carreiras. Por exemplo, não consigo entender os motivos que levam Thalis penar sem patrocínio. As empresas de Pernambuco vacilam em não contratá-lo e mostrar o caminho do profissionalismo.

Toda linha escrita até o momento, no entanto, tem a ver com a excelência de performance em campeonatos e nas baterias. Se a do surfista, seja ele daqui ou do Rio de Janeiro, for mesmo "aerealizar", então, que voe e seja feliz com a sua escolha. Isso é o mais importante no surfe e na vida.

Comentários

  1. Muito boa a matéria.
    acho que por isso não dou aéreos.
    hahaha
    abraço, muleke

    Lula

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  2. Grande pôste!!!! Análize muito proveitosa que todos os surfistas que são ou desejam ser profissionais deveriam meditar, ainda bem que você Marcelinho não é um competidor porque grande maioria das baterias são vencidas por estratégias!! Sendo assim tu seria um atleta altamente difícil de ser vencido kkkkk... Parabéns

    Alan Donato

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