Aéreo no DNA nacional

Foto: Arquivo Pessoal
É UM PÁSSARO? Bittencourt é a prova que o aéreo tem DNA brasuca
O Brasil se gaba de nos dias atuais somar os melhores aerealistas do mundo, certamente. Surfistas como Jadson André, Gabriel Medina, Caio Ibelli, Ian Gouveia e Miguel Pupo - só para citar alguns da nova geração - são peritos em levantar voo nas baterias dos campeonatos que participam.

Curiosamente, as manobras mais festejadas dos últimos anos não passavam de mera "perfumaria", até mais ou menos o fim dos anos 1990. Por aqui, Dadá Figueiredo era o maior expoente desse segmento do surfe nacional. Competia por competir e mostrava dentro da água coisas nunca antes vistas. Era pouco entendido e taxado de pirotecnista. O novo incomoda, causa medo. Então, natural que fosse execrado algumas vezes e até chamado de "merrequeiro", por amar ondas manobráveis, nas quais pudesse criar à vontade.

Nos anos 1980, outros surfistas brasucas cansaram do base/lip e viram a oportunidade de romper as barreiras das ondas como uma ótima oportunidade de diversão. Árbitro da ASP Internacional, já escutei Ícaro Cavalheiro desdenhar das notas que lhe eram atribuídas quando aplicava um aéreo ou algo parecido. Estava a poucos metros do juiz quando o escutei falar a amigos, na época do Hang Loose Pro Contest, em Fernando de Noronha, ano passado:  "Fazia o que esses meninos faziam e não tinha essa adoração. Ao contrário", lembrou.

A foto acima é de Fernando Bittencourt. Top nacional durante anos, numa época em que havia uma glamourização dos melhores do Brasil até maior do que agora - por incrível que pareça -, ele também dava as suas escapadas pelo alto. Isso nos anos 1980. Bitenca esbanja estilo no aéreo de frontside. Muito parecido aos aplicados por Caio Ibelli, sendo esse regular footer. A imagem mostra que o aéreo está no DNA do brasileiro. E se realmente tudo segue uma escala evolutiva, brevemente os mares nacionais vão sofrer um verdadeiro caos aéreo.

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