Domador de Maracanãs

Foto: Sérgio Aguiar/CBS
JOIA Elivélton Santos é uma pedra preciosa que precisa apenas ser trabalhada
Descendente de índios potiguaras, da Baía da Traição, na Paraíba - assim como o fenômeno Diana Cristina (Tininha) -, Elivélton Santos nunca havia surfado na Praia de Itaúna, em Saquarema, no Rio de Janeiro, conhecida também por "Maracanã do Surfe".

Pela pompa popular, vê-se que as condições de lá são pesadas. E na final de uma das etapas brasileiras do Rip Curl Gromm Search, na categoria mirim, Elivélton ficou na segunda posição, em ondas de mais ou menos 2 metros. A verdade é que se falou pouco do garoto nos programas esportivos especializados. Tem parcas imagens do indiozinho. Tudo meio "en passant", como se diz nas chiques rodas. O feito de um dos maiores expoentes do Nordeste, quase nunca visto após as fronteiras da Paraíba, foi sufocado pela promessa nacional Filipe Toledo, que na grande final recebeu um 10 unânime dos juízes.

Elivélton é o atual tricampeão paraibano mirim de surfe. Para quem acha pouco, visto que os surfistas nordestinos têm de matar um tubarão por dia para estabelecer o nome no Brasil, é um dos talentos do time paraibano, que encerrou a temporada passada do circuito nacional amador em terceiro lugar. Perdeu só para São Paulo e Santa Catarina, dois dos maiores polos da modalidade do País.

No Rio de Janeiro, Elivélton mostrou o que tem de mais fantástico na sua habilidade, independentemente das condições grandes de Saquarema, condições, diga-se, que nem está acostumado a surfar. Ele sabe voar, tem manobras modernas no seu currículo, mas chama atenção mesmo é pela consistência competitiva. Ano passado, disputou o Circuito Pernambucano Master, organizado pelo surfista Fábio Quencas, que agrega também categorias amadoras. O indiozinho venceu tudo. Deixou para trás uma garotada pernambucana de talento - Gabriel Faria é um desses nomes. Ele simplesmente não toma conhecimento. É uma máquina de disputar baterias.

Foi a partir Pernambuco, com a ajuda do FPB Surfe ao Núcleo de Baía da Traição, que rompeu fronteiras. Posteriormente, disputou o Brasileiro da Confederação Brasileira de Surf (CBS) e sagrou-se, ao fim da temporada 2010, campeão da categoria iniciante. Já começou este ano com tudo, com a segunda posição, em Saquá. O céu é o limite para o paraibano.

Elivélton carrega no semblante a vontade de vencer no esporte escolhido para viver. É patrocinado pela Natural Art e, dentro da marca, é o segundo da linha sucessória comandada pelo profissional Diego Santos. Se tiver a devida atenção - viagens, competições, aulas de inglês e uma equipe multidisciplinar junto -, vai chegar longe. Tanto que na sua estreia no Maracanã do Surfe fez um gol de placa. É por aí.

Dentro da perspectiva de quem não sabe ao certo pode vir pela frente, num misto de confiança e humildade, falou após o vice-campeonato. "Vim de avião da Paraíba, a viagem foi longa e só de fazer final aqui no Rio de Janeiro já é demais. Agora é treinar forte para levar a segunda etapa e conquistar o título", afirma Elivelton. Nunca duvide de Elivélton.

Elivélton surfando no quintal de casa, logo abaixo. Pense num bicho ligeiro.

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