Alejo, Heitor e Mineirinho

Foto: Robertson/ASP
DESTAQUE Com estreia segura, Alejo passa e segue firme rumo ao título de revelação
Foto: Sam McMillan/Rip Curl
POTÊNCIA Heitor usou suas bombas de backside e passou de fase em Bells
Foto: Robertson/ASP
MAESTRIA Cabeça de chave indesejado, Parko fez o maior somatório do evento
Por Márcio Markman*

Bom começo para os brazucas no evento que comemora os 50 anos da etapa de Bells do Circuito Mundial. Dos cinco representantes na elite do surfe mundial, mais o convidado Gabriel Medina, três avançaram direto para a terceira fase.

Alejo Muniz deu mais um passo na sua caminhada rumo ao título de estreante do ano e venceu a bateria de abertura. Abusando das rasgadas e batidas, fez duas ondas na casa dos 6,0 e mandou Adrian Buchan (achei a segunda melhor onda dele mal julgada) e um ainda vacilante Raoni Monteiro para a repescagem.

Heitor Pereira fez uma disputa de backside contra Owen Wright e Bobby Martinez. A briga mesmo ficou entre Heitor e Martinez, mas, no final, uma pancada do cearense na junção fez a diferença. Pelo que eu vi ontem, Heitor disputa com Matt Wilkinson, outro que avançou para a terceira fase, o título de backside mais animal em Bells. Outros, como os irmãos Hobgood e até mesmo Ace Buchan, apostaram em um estilo mais convencional e caíram para a repescagem.

Nosso golden boy Medina pegou um Mick Fanning inspirado e, como sempre, supervalorizado. É incrível como o cara sempre consegue um ponto a mais do que deveria. Surfa muito, mas tem muitas vezes em que manda umas manobrinhas leves, sem pressão, que são julgadas como manobras pesadas. Bom, o fato é que Fanning achou as melhores ondas e Medina, além de pegar muitas ondas fechadas, caiu mais do que o normal. A onda de Bells, meio deitada, também não ajuda ao surfe vertical do brasileiro.

Adriano de Souza liderou a bateria da largada à bandeirada final. Em menos de cinco minutos tinha duas ondas na casa do 6 alto e não deu chances para Chris Davidson e Julian Wilson. Ainda estraçalhou uma direita pequena para cravar um 7,77 e ficar numa boa até o fim. Começo seguro de Mineirinho.

Jadson foi outro que teve chances de vencer, mas mostrou um surfe vacilante, caindo mais do que o de costume. Competiu bem, esteve na liderança durante parte da bateria, mas deixou Patrick Gudauskas solto para pegar as duas melhores ondas que apareceram.

Um detalhe sobre o julgamento em Bells é que, pelo tipo de onda, os juízes estão pontuando bem algumas manobras utilizadas mais como projeção para outra seção do que como manobra redonda. Foi assim que Wilkinson, Fanning, Gudauskas e o Careca conseguiram algumas notas altas. Claro, no meio das 437 manobras que a extensa e legendária onda permite, tem que ter umas duas ou três bombas. Mas aquela batida ou rasgada “passando” também tem valido uns bons pontinhos.

Destaques do dia: Joel Parkinson, o não cabeça-de-chave que ninguém quer pegar na terceira fase, que fez mais de 17 pontos (maior somatório), com direito a um aéreo muito alto, e, como sempre, o Careca. Suas duas primeiras ondas foram um 7,0 e um 9,0. Nessa última, deu um aéreo rodando a la Medina.

No feminino, Silvana arregaçou na bateria dela e passou fácil em primeiro. Tomara que Silvana finalmente engrene, pois tem surfe de sobra pra não ser engolida pela nova geração. Jackeline Silva está fora da etapa e do Circuito por pelo menos dois meses, por conta de uma fratura no joelho, causada por um acidente automobilístico na véspera da abertura da etapa.

* Márcio Markman é jornalista e tem no surfe uma de suas especialidades.

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