Voar ou bater? Os dois, por favor!

Foto: Robertson/ASP
EXPLOSÃO Willian acerta aquela rasgada jogando muita água e invertendo tudo
Willian Cardoso é uma espoleta. Tem uma bomba no pé e pressão para dar e vender nas suas manobras - por aqui, todo mundo sabe. Nos últimos dois eventos do WQS, os árbitros internacionais ficaram aos seus pés. Não à toa, foi vice na Nova Zelândia e terceiro em Margareth River, na Austrália, nos últimos 15 dias, sem um aéreo sequer. Neste último campeonato, deixou de ir para as sêmis por uma interferência boba. E não por falta de surfe.

Ao mesmo tempo que encanta, Willian não é um Jadson André, um Gabriel Medina, um Miguel Pupo e tantos outros brasucas que abusam, no ótimo sentido da palavra, quando o assunto é levantar voo. E estão aí, tachados a todo momento, na porta do futuro. A nova ordem, de maneira nefasta, esquece de Willian. Será mesmo?

Pode haver uma mensagem escondida por trás de todos esses resultados do catarinense. Por que não? Após a ASP anunciar, recentemente, que o mundo era dos pilotos, que os aéreos surgiam como manobras dominadoras do circuito, ter um atleta como Willian brigando por uma vaga na elite, este ano, é louvável. Aliás, não tinha que ser diferente.

Então, vejamos. Será justo cortar pela perna todos os surfistas mundiais que não tem no seu cast, essencialmente, as manobras as aéreas? Não. Willian, com sua força, pressão e estilo pode ter vaga cativa entre os melhores do mundo.

Os aéreos vieram para ficar. São incríveis. Vão além do que se imaginou. Deixam o surfe mais dinâmico e mais plástico, até. Mas um carving bem realizado, uma rasgada com pressão, uma batida que machuca a face onda, um flooter quilométrico, tudo isso ainda é bonito de ser ver. E Willian, em dois eventos de mar cabuloso, mostrou que está mais vivo que nunca. É um predestinado peso pesado. Passou maus bocados em 2010. Teve de conviver com perdas irreparáveis na família, e mesmo assim não perdeu o foco.

Seu surfe, mesmo sem aéreo, não podia ficar de fora, além de impressionar quem o assiste. Mais: é a pluraridade que pode deixar o esporte ainda mais atraente.

O tubo, sim, é a manobra clássica. Aquela que se basta. Após frenesi inicial, talvez os homens da ASP tenham colocado o juízo no lugar. Somar é melhor do que dividir, embora treinar para ter aquela manobra que não se domina é sempre bom para quem almeja um lugar diferenciado. Mais do que voar, ser progressivo, extrapolar os limites, da onda e da pressão, é sempre bem-vindo. E se vierem juntos - voo e pressão -, aí o negócio vai ser bonito de ser ver. Uni-vos, então.

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