ASP justifica vitória de Mineiro

Fotos: Kirstin/ASP
JUSTIÇA Mineirinho foi o surfista mais comprometido com a competição
CHORORÔ Owen acha que deveria ter virado com merreca finalizada com aéreo
O Surfguru (http://www.surfguru.com.br/noticias/noticia.asp?id=3782) expôs o texto e o jornalista Túlio Brandão, colunista do Waves (http://waves.terra.com.br/surf/noticia/colunas/tulio-brandao/a-construcao-de-um-lider/47140), já alertou sobre os perigos das justificativas dadas pela ASP sobre a vitória de Adriano de Souza (Mineirinho) sobre Owen Wright, nas quartas de final do Billagong Pro Rio, etapa do ASP World Title, nas praias da Barra da Tijuca e do Arpoador, na Cidade Maravilhosa.

Vamos contextualizar. No último dia de competição, Mineirinho encontrou Owen nas quartas. O brasileiro vencia até que o australiano pegou uma onda no finzinho, com direito a um aério no inside. Para muitos, o aussie havia virado o embate. Na areia, no entanto, o paulista ouviu do locutor que a onda de Owen não havia sido boa o suficiente. E o brasileiro passou para às sêmis, sagrando-se campeão posteriormente.

Owen chorou, os australianos choraram e até Joel Parkinson lamentou, via Twitter, a derrota do seu compatriota, dizendo ter pena da jóia aussie por causa da decisão dos juízes. A ASP sentiu as lamentações no estômago. E, por isso, resolveu expor os critérios aplicados naquele dia de surfe, adequados às condições difíceis apresentadas na Barra.

Até que ponto isso não abre um precedente perigoso, ninguém sabe. O próprio Túlio comentou sobre o assunto na sua coluna semanal do Waves - vale ler. Mas a verdade é que outras decisões já foram decididas por placares apertados (no caso dos dois a distância foi de 13 décimos) no WT - com vitórias injustas de Kellys, Tajs e Parkos - e a ASP nunca havia se manifestado em público.

Parece mais ser uma ação para justificar a decisão, ao meu ver justa, para a comunidade internacional do surfe, que manda na entidade. O que não pode é, a cada dúvida, Matt Jones se arvorar em defender os princípios da ASP, por causa do chororô alheio. Afinal, até para tirar um pouco o peso do quadro de árbitros e aliviar a pressão dos próprios brasileiros, que se sentem perseguidos pelos juízes internacionais, os erros são inerentes aos julgamentos objetivos. Isto é fato.

O vídeo abaixo mostra a famosa bateria. Tire suas dúvidas. Em seguida, o texto de Matt Jones, que explica os critérios usados no dia da final.

Mineirinho vs. Owen


Por Matt Jones
Adriano de Souza é o atual ASP World No. 1. O jovem brasileiro passou por Michel Bourez, Owen Wright, Bede Durbidge e Taj Burrow, a caminho de sua segunda vitória na turnê de elite no Billabong Pro Rio na última sexta-feira. A emocionante vitória levou Adriano para a liderança na disputa para o título mundial da ASP de 2011.

O último dia foi preenchido com um número de dramático de baterias e finais, talvez nenhuma mais polêmica do que a quarta de final entre Adriano e Wright. Este ataque nas Quartas de final tornou-se o tema central da discussão posterior entre a mídia, fãs e internautas, e o painel do júri da International ASP foi gracioso o suficiente para analisar e dar a sua perspectiva de peritos sobre a bateria:

Primeiro, vamos rever os atuais critérios de julgamento da ASP International, especificamente a parte que trata de comprometimento e de grau de dificuldade:

Os surfistas devem executar para os juízes da ASP conceitos-chave para maximizar o seu potencial de pontuação.

Os juízes analisam os seguintes conceitos importantes quando pontuam as ondas:
- Compromisso e Grau de Dificuldade.
- Manobras inovadora e progressista.
- Combinação das principais manobras.
- Variedade de manobras.
- Poder, Velocidade e Fluxo.

É importante notar que a ênfase de certos conceitos é dependente da localização e das condições do dia, bem como das alterações das condições durante o dia.

Agora, a onda final de Adriano foi muito maior do que o que foi mostrado na web, pois a câmera perdeu a metade inferior da onda, isso faz qualquer análise posterior da bateria quase impossível quando se utiliza apenas as imagens da versão Demand. Quando adriano aterrisa você pode ver o tamanho do espumeiro atrás dele e a distância que ele percorreu durante o floater, o quanto é crítica a seção e a dificuldade de completar o floater não era inteiramente visível no webcast, e não é representado no Heats on Demand.

A parte do banco de areia que Adriano executou a manobra foi tão rasa que a
agua batia na cintura, daí a seção crítica. As ondas no último dia tinham de duas a três manobras. Os surfistas podiam pegar as menores que corriam um pouco mais longe, mas as ondas eram muito mais suaves e mais fáceis de surfar, ou poderiam pegar a onda da série, que eram muito mais curtas, mas também muito mais difíceis de surfar.

A onda de Owen nas Quartas foi em uma onda e menor que oferecia mais espaço, mas menos buraco. Durante o dia final, muitas ondas de uma manobra receberam pontuações que normalmente não seria tão altas, mas como as ondas permitiam somente duas a três manobras, tivemos a escala ajustada. É importante notar que não há nada no critérios que diz que surfistas devem completar várias manobras. Nós estamos no negócio de surfistas pegando ondas grande, e foi isso que foi visto nos últimos 18 meses.

A visão também não refletem verdadeiramente a velocidade das ondas. As ondas da série desciam na bancada, enquanto as menores correram muito mais lentas. O ângulo da câmera, muitas vezes não reflete verdadeiramente o surf que está sendo feito no momento, assim como a profundidade da onda, onde o surfista pegou a onda em relação à bancada e quanto críticas eram as seções.

Nosso trabalho como a comissão julgadora é pontuar os surfistas que estão empurrando os critérios para o limite. Ambos os aéreos de Owen foram bons (eles também são o pão e a manteiga para quase todos os surfistas da turnê nos dias de hoje), mas foram executados em seções fáceis das ondas. Enquanto o floater de Adriano foi feito em uma parte crítica da onda. Eu rovavelmente iria acrescentar que, se as primeiras manobras de Owen fossem em ondas maiores ou mais críticas, então as ondas teriam sido pontuadas mais.

Eu colocaria a pergunta: você, como um fã de alto nível de surf, prefereria que o surfista fizesse uma boa manobra em uma pequena onda fácil ou uma boa manobra em uma onda que vai ter uma pesada e implacável seção fechando ?

Foi absolutamente uma bateria próxima, mas temos baterias próximas todos os dias, pois estamos lidando com os melhores surfistas do mundo.

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