Por um Mundial com 44 atletas

Foto: Daniel Smorigo/ASP South America
IDEIAS Na água, em Saquá, Pig escutou que o WT pode ter 44 surfistas
Com o vazio na cabeça após adiamento do Oakley Saquarema Prime  (etapa da divisão de acesso do ASP World Title), nesta terça-feira (24/5), o outside de Itaúna virou um caldeirão de ideias.

Enquanto as séries espassas, com ondas pequenas, não apareciam no horizonte, a conversa era grande entre os surfistas profissionais. Um grupo mais empolgado versou justamente sobre as insjustiças de se ter uma elite mundial com apenas 32 surfistas. Ainda mais, em se tratando de um esporte que cresce progressivamente no mundo, em todos os seus segmentos.

O resultado dessa resenha, como se fala aqui no Nordeste, caiu no Twitter. Onde mais? O pernambucano Bernardo Miranda, que já esteve no pelotão de elite - e tem surfe de sobra para estar entre os melhores do mundo -, escreveu: "Ouvi uma conversa na água que estão querendo voltar o WT com os tops 44. Seria muito bom", afirmou.

"Um esporte que é tão popular quanto o futebol ou qualquer outro esporte, acho que não seja justo resumi-lo em só 32 melhores do mundo", argumentou. Pig ressalta não se tratar de nada oficial. São só anseios para se democratizar o esporte. "Na verdade, são alguns surfistas que não são a favor do novo formato e ficam manifestando as suas opiniões. Mas nada oficialmente", pontuou.

No surfe, nada mais óbvio do que começar uma "minirrevolução" dentro da água. E também é legítimo afirmar que onde existe fumaça, existe fogo. As novas regras da ASP, que diminuiu para 32 o número de atletas da elite, ano passado, pegaram muitos de surpresa. Extirparam sem dó, sem o mínimo de entendimento com os que estão de fora da nata mundial e que também são associados da entidade. E formaram duas divisões sem troca de posições. Como se as vagas do WT fossem na realidade castas indianas.

Fizeram coro com a entidade os melhores do mundo. Kelly Slater, Joel Parkinson, Taj Burrow... Fora os craques instituídos - os já citados e mais uns 10 ou 12 -, não existem diferenças gritantes entre os que estão dentro e os que  estão fora do mundinho cercado da ASP. Diminuir o número de competidores no WT foi o mesmo que dilacerar sonhos de atletas que nunca serão Kellys, mas que podem ser, sim, um Kai Otton da vida.

Aliás, melhor que Kai, com todo respeito, tem aos montes no Brasil e no mundo. Há de se  louvar os coadjuvantes. São eles, entre outras coisas, que não transformam os encontros de dândis eventos banais. São eles que, vez por outra, dão ao espetáculo um final surpreendente, como nos bons filmes. Para quê maltratá-los, então?

Pig é um desses que estão fora, mas poderia estar dentro. E a conversa no outside de Saquá não tem nada de dor de cotovelo. É o real desejo de democratizar um esporte que merece a famosa invenção da política grega. o Surfe não cresce à toa. É preciso manter a chama viva, criar ídolos pelo planeta, para se mostrar forte. E se tornar forte. WT com 44 atletas é perfeitamente possível e agregador. E interessante. Só não enxerga quem não quer.

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