Show brasuca em Trestles

Fotos: Hilleman/Rip Curl
FAVORITO Jadson tem dado show durante todo o evento. E pode levar a taça
VOADOR Gabriel Media e seus aéreos tem levantado o público em Trestles
Por Márcio Markman*

Pode ser que nesta sexta (6/5), o vento mude de direção, as séries perfeitas que quebram sobre a bancada de Trestles se desalinhem e a sorte dos brazucas também vire. Mas não há qualquer exagero em dizer que o desempenho da esquadra verde e amarela no evento prime que acontece na costa californiana é simplesmente assombroso. Uma das melhores atuações coletivas da história do surfe brasileiro em uma competição de porte, válida pelo Circuito Mundial.

Para resumir, na última quinta, quando nove surfistas brasileiros formavam a maior equipe de um único país no round dos 24, foram computadas nada menos que oito vitórias brasileiras. O único a ser eliminado, a sensação Alejo Muniz, que vinha fazendo um campeonato fantástico até então, caiu diante de outro brazuca, Júnior Farias. Ou seja; agora restam apenas 12 surfistas na briga pelo título e oito defendem as cores da nossa bandeira.

Três são favoritos absolutos ao título. Todo mundo sabe que o surfe, por depender de aspectos que vão muito além da capacidade do competidor, como o “temperamento” da natureza, por exemplo, é um dos esportes menos previsíveis que existem. Mas, se ninguém for traído pela falta de ondas ou por um momento ruim, tudo indica que é do trio Gabriel Medina, Heitor Alves e Jadson André que sairá o campeão do Lowers Pro. Os três surfaram demais nas três primeiras fases e possuem um estilo que se adapta perfeitamente ao “skate park” de Trestles. Surfe moderno, com pressão, muita velocidade, manobras aéreas, carvings funcionais, enfim, tudo o que os juízes querem ver.

William Cardoso, sempre muito forte e competitivo, também tem arrebentado, sempre com high scores e vitórias nas baterias. Miguel Pupo é outro que possui uma enorme capacidade de arrancar notas altas e, apesar de ainda não possuir a mesma consistência de Jadson, Heitor e Medina, é outro que tem um surfe contemporâneo ao extremo. Não dá pra dizer que será uma surpresa se algum dos dois chegar à final ou mesmo levantar o troféu. Inclusive, um grande resultado em Trestles praticamente garantirá William (mais) ou Miguel (nem tanto) no WT ainda este ano, quando houver a primeira requalificação.

Correndo por fora, estão três surfistas que ainda buscam um resultado expressivo para se consolidar como nomes de peso no Circuito. Júnior Faria e Tiago Camarão já estão aí há algum tempo e Jessé Mendes é mais uma promessa com a grife Rip Curl. Os três surfaram muito até aqui e têm tudo para seguir avançando na Califórnia.

Só lembrando que triunfar em um evento prime na Califórnia, em uma de suas ondas mais tradicionais, tem um valor todo especial para quem almeja uma carreira de sucesso como profissional do surfe. Apesar de toda a história do Havaí e do fato de o surfe ser um dos esportes mais praticados na Austrália, a Califórnia é a meca da mídia, onde a cultura surfe ganha uma dimensão diferente.

Pelo que fizeram até aqui, os brasileiros estão credenciados ao título. É continuar na torcida, para que algum dos nossos oito guerreiros repitam a vitória de Neco Padaratz em Huntington Beach, em 1999. Deixando qualquer patriotada de lado, os brasileiros mostraram que, acima de tudo, merecem essa vitória.

* Márcio Markman é jornalista e um amante das coisas do surfe

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