DNA do surfe dos Muniz

Foto: Rommel/ISA
CAMPEÃO Santiago ergue a bandeira argentina. Ian, à esquerda, comemora a 4ª posição
Numa análise fria, deduz-se que Argentina dificilmente alcançará o posto de potência do surfe mundial. São muitos os motivos. Seus picos, em maioria, são só razoáveis para a prática do esporte. Some-se aí a congelante água do País portenho, que convida os incautos a algo mais agradável, caloroso. Mais: o caminho para o olimpo da modalidade requer persistência. O Brasil que o diga. São anos em busca de reconhecimento, de dificuldades para romper as barreiras impostas por Estados Unidos, Havaí e Austrália. Só agora uma aquarela mais cheia de positividade tem sido pintada para o lado brasuca. Já era hora. A Argentina não tem pretensões no surfe, mas tem dos ossos duros de roer, chamados de Santiago e Alejo Muniz.

Os Muniz carregam o DNA do surfe mesmo tendo nascido num País conhecido pelo futebol - de Messi, La Pulga - e pelo basquete. Desde a infância, vieram morar em Bombinhas, em Santa Catarina. Por lá, deram as primeiras braçadas. Mais do que isso, começaram a encantar o mundo do surfe com talento e resultado. Primeiro veio Alejo, com uma pressão inigualável nas manobras, estilo e modernidade para ninguém botar defeito. Como esperado, entrou no ASP World Title, este ano, e deve ser o melhor estreante de 2011. É brasileiro porque quer. Cresceu assim. Tem respeito pela Pátria Mãe, a Argentina, mas ergue a bandeira tupiniquim em todos os cantos do mundo.

Santiago é um caso curioso. Tão talentoso quanto o irmão, driblou a concorrência. Em vez de fazer o caminho de Alejo, selecionado desde novo pelos times nacionais, preferiu competir pela Argentina. Aqui, sempre foi um surfista diferenciado. Mas, onde nasceu, é rei. Não é exagero. Vencedor do ISA Games Open, no Panamá, em Playa Venao, no sábado (02/07), derrubou monstros do surfe - entre eles, Jeremy Flores -, saiu da repescagem e ganhou o título na final, fazendo o que fez do início ao fim, sempre que entrou na água: surfou muito. Com a garra argentina, o estilo brasileiro e a pressão de Alejo. Isso mesmo. Agora mais velho, aos 18 anos, tem tudo para fazer o mesmo sucesso do irmão.

No pódio do ISA, os cânticos eram semelhantes aos escutados nos estádios dos ermanitos. O clima era de total entrega e olhos parados em Santiago. Com a bandeira azul e branca nas costas, comemorou um feito enorme. Nas Olimpíadas do Surfe, várias estrelas concorrem à medalha de ouro. E lutam muito pela insignia e pelo título geral por equipes, vencido pela Austrália. O Brasil ficou em segundo. A colocação da Argentina? Não importa a mínima. Eles fizeram a festa. Santiago está de parabéns, embora ache que o pernambucano Ian Gouveia merecesse melhor colocação, mas os juízes, tão complacentes com as notas altas nas primeiras performances, endureceram o jogo nos cinco minutos finais. Sem chororô, o que vale é a dourada no peito. E o grito explícito que os só os campeões sabem dar.

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