Mito ensaia o adeus

Foto: ASP/Divulgação
ADEUS? Kelly deu de ombros para J-Bay. Um início do seu tchau a ASP?
Bastaram os gráficos de previsão de onda apontarem um swell perfeito e sólido em Cloudbreak, Fiji, na mesma época do Billabong Pro J-Bay, quarta etapa da elite mundial de 2011, que o destino do surfe mundial começou a se redesenhar. Kelly Slater, cansado de perder bons momentos ao lado de amigos, por causa das constantes competições, dessa vez não quis saber de acompanhar o circo mundial. E mostrando total desapego à rotina massacrante dos eventos, chega-se a uma simples conclusão: tem início ocaso do mestre das ondas.

Aos poucos, Kelly vai "desligando os aparelhos". Como no programa de desaceleração pelo qual todo atleta cubano de alto rendimento passa, vai se distanciando aos poucos dos eventos do WT. E, se passar incólume por qualquer dor de consciência que venha afetá-lo, nos próximos dias, aí sim o decacampeão mundial vai se desprender do Tour de uma vez. E sua Era, enfim, vai chegar ao fim.

A verdade é que o Tour transformou Slater num chato de galocha. Na ânsia de ter um campeonato à beira da perfeição, que se adequasse ao seu ideal de vida, o norte-americano desandou a falar, com o destemor dos que dão de ombros a Association of Surfing Professionals (ASP).

Não faz questão de ser inoportuno, abrir feridas e se expressar aos montes, com muito pouco de valor nas palavras. Nos últimos dois anos, continuou no circuito em busca do tão sonhado decacampeonato, fez segredo quanto a sua participação na atual temporada, mas, ao que parece, a adrenalina das baterias, aos poucos, começa a serenar no seu organismo.

Slater esperou o início da temporada. Levou a primeira etapa do Mundial, na Austrália, em Snapper Rocks - sem muito brilho, diga-se - e, a partir daí, teve uma queda de rendimento, provocada  mais por sua falta de motivação do que por outra coisa. Sua presença integral no circuito dependia de um início brilhante, mas que não demandasse muito esforço.

E, num meio tão competitivo como o surfe, até ele ficou para trás. Para os parâmetros Kelly Slater, claro, até porque o cara está no 3º posto do ranking mundial. Com uma correnteza daquelas contra, o norte-americano ensaia o adeus. Vai participar aqui e ali, como um legend, até seu fogo pelas competição cessar de vez. Aí sim, vai poder descansar. E se dedicar a tudo que deixou para trás por causa da sua doença pela disputa. Enfim, vai tentar viver como uma pessoa normal.

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