Porquês de Cloudbreak

Foto: ASP
NA ROTA Fiji retorna à elite do surfe mundial. O esporte agradece
Não é de hoje que a ASP (Assossiation of Surfing Professionals) está em pé de guerra com alguns dos seus associados. Geralmente são os mais rubustos, com as costas largas, como Kelly Slater, que empunham uma bandeira aqui e outra ali.

As últimas ferpas tem sido geradas pelas indicações de picos de gosto duvidoso para sediar etapas do WT, a elite mundial. Em geral, beach breaks pouco constantes, apontados muito mais pelo lado marcadológico do que por outra coisa. Na defensiva, a ASP soltou a sua pílula para apaziguar ânimos. Cloudbreak, em Fiji, vai receber um dos eventos do Mundial nos próximos três anos, podendo ser este prazo estendido. O campeonato vai levar a bandeira da Volcom.

As direitas de Cloudbreak podem ser conferidas no "short film" PACIFIC PIRATES, lançado recentemente pela Billabong. As ondas são de sonho. Dignas de compor o Dream Tour da ASP. Certamente, a inclusão de Fiji é uma resposta para os mais pessimistas com os caminhos tomados pela elite mundial.

Quase toda crítica em relação à ASP é bem-vinda. Pelo menos, mais de 95% delas. A liberdade de opinião é vital para o crescimento do esporte. Não fosse assim, o surfe não seria a modalidade futurista que é. As ondas perfeitas devem ser o cardápio principal do WT. Mas é importante visitar o mundo com o circo. Os ídolos fomentam o esporte. Eles têm de ir aonde os fãs estão.

Um Kelly Slater que aporta no Rio de Janeiro, nas ondas medianas da Barra da Tijuca, tem um impacto grande na imagem da modalidade, que almeja crescer mais, pagar bem, atrair mídia.

Sem essa de Dom Quixote, de querer ver a questão "soul surf" da coisa, com competições rolando só em lugares de sonho, paradisíacos, longe de tudo, para saciar a busca por ondas perfeitas. Se é isso, o esporte não vai crescer suficientemente. Essa é a real. O resto são belos discursos, corretos, mas que beiram a ingenuidade.

Se o circuito mundial tem 15 etapas, por que umas quatro delas não podem ser feitas em grandes centros, com suas ondas surfáveis, sim, na intenção de marcar território, mostrar a cara?

Numa situação hipotética, o enfraquecimento do surfe, motivado por ser oferecido a apenas uma patota, certamente ia causar danos irreversíveis. A corrida atrás do dinheiro ia ser maior do que é hoje. E, aqui para nós, é hipocrisia jogar o marketing de visibilidade de marca para cima só pensando no life style. Dinheiro é preciso. E, muitas vezes, é preciso estar no fim do arco-íris para pegar o pote.

Novos eventos devem ser repensados. Os grandes intervalos de uma prova para outra, este ano, entediaram a temporada. No tênis, os profissionais jogam o ano todo, em mais de 20 competições. Até os mais renomados, como Roger Federer, estão lá dando o ar da graça. Alguns campeonatos duram duas semanas, como os grands slams.

Tem-se de correr o circuito porque se quer. Quem não está a fim de seguir essa vida subumana, outras saídas existem. É só procurá-las.

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