Adeus nas telonas

Foto: Divulgação
GO BIG Burle visita o Estado e se diz próximo do fim da vida profissional
Aos poucos o sotaque dá uma escorregada. Entra por cima um "tchi", um "dje", de quem está há mais de 20 anos no Rio de Janeiro. No entanto, o homem Carlos Burle, maior nome do surfe nacional no mundo - sem exageros -, é a cara de Pernambuco. Suas histórias sempre abordam assuntos fantásticos, picos sensacionais, tubos alucinantes e situações extremadas. Nunca sem antes "pegar à direita" e passar por Piedade, pelos Abreus, pela galera do Estado, que não saem da sua cabeça desde que migrou para o Sudeste Maravilha para viver do esporte que engatinhava no profissionalismo, no fim da década de 1980.

Burle quer fazer o caminho de volta. Não o caminho de volta que conhecemos. Aquele, pegando o avião com mala e cuia, e desembarcando na cidade querida - no caso Recife - para morar.  É um caminho diferente. O rumo é o filme da sua vida, no qual mais do que contar uma história com altos e baixos e um final feliz arrebatador, quer exaltar as coisas da terra. A marola de Piedade, que o impulsionou numa carreira brilhante, os coqueirais de Pernambuco, a tradição do lugar. É ou não é uma bela forma de voltar? Eu acho que sim.

"Gigante por natureza", o nome do filme, também tem por obrigação imortalizar um legado de quem passou a vida colocando o corpo e a vida em xeque, pensando no engradecimento do esporte que escolheu em Piedade, ainda criança, mas que também trouxe desventuras, marcas eternas. Burle não quis só fazer parte do "mainstrean" internacional do surfe de ondas gigantes. Quis ser referência, quis ver aquilo que chamavam de "esporte de maconheiro" transformar-se num estilo de vida cobiçados na sociedade. Era preciso mostrar por dentro.

Como costuma dizer: "Vamos contar um pouco a história do surfe de ondas gigantes. Mas eu queria mesmo era deixar um legado para as próximas gerações. Vamos falar em transformação social e, principalmente, da minha vida no surfe mundial", disse o profissional, rosto internacional da marca Red Bull, que se encontrou na última  segunda-feira (24/10) com o governador do Estado, Eduardo Campos. Antenado com as coisas da terra, o gestor pernambucano vai contribuir para a finalização do projeto de Burle.

O filme deve ser também o último ato de Burle como profissional de surfe. O tempo passou, a idade começa a fazer diferença e as prioridades são outras. Estar cara a cara com o perigo exige juventude também. Não dá para fechar os olhos para este "detalhe". Adepto ao estilo full health, ainda assim entende que o tempo de correr atrás das maiores ondas do mundo está se esvaindo. O corpo começa a fraquejar. É hora de estar mais perto das crias Reno Kai e Yasmin. A família que sempre entendeu a vida nômade que levou para construir a sólida carreira. Preparado para o adeus, chegou a hora de montar acampamento em definitivo.

Comentários

  1. É uma honra ter um Pernambucano com tanta história bonita . É realmente um orgulho .
    Parabéns Burle !!! Elielson FNSC Recife- PE .

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  2. È isso ai Carlos Burle, quem nao tem memoria não tem carater.Jamais esqueça das suas origens.Parabens pela carreira fantastica e por ter levado o nome do esporte que por muitas vezes chamado de esporte de vagabundo ao topo.Irei comprar esse filme, pois sei que terá um pouco da minha historia,também fui surfista nos anos 80.Elcio Cavalcanti Filho

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