De fã a pesadelo brasuca

CRIADOR E CRIATURA Com o apoio do pai, Kolohe tem destroçado adversários
Kolohe Andino, até o ano passado, era uma espécie de promessa norte-americana do surfe, aquele que se não tinha o DNA de um Kelly Slater, pelo menos mostrava talento para puxar o time do Tio Sam para dias melhores no ASP World Title.

Grosso modo, pode-se dizer que é um garoto "abrasileirado". Tem surfe progressivo, calcado nas manobras aéreas, tendo como referências claras Gabriel Medina, Jessé Mendes, Miguel Pupo e companhia. Ele precisava vir ao Brasil por dois motivos. Correr etapas da divisão de acesso do Tour 2011 para tentar se qualificar à elite na próxima temporada e ter um contato maior com o que vem se produzindo por aqui.

Aproveitou a estada da melhor maneira possível. Não só lucrou com o intercâmbio, como venceu as duas etapas realizadas em São Paulo (Itamambuca) e no Rio de Janeiro (Arpoador). E mostra que os gringos estavam certos. Parece que tem sangue novo norte-americano prestes a explodir no Mundial.

Andino, filho de outra legenda mundial, Dino Andino, chegou ao Brasil como uma locomotiva. Não aliviou nas manobras radicais, nos voos e mostrou maturidade para vencer pragmaticamente quando foi necesário. Muito do que realizou dentro da água foi exaustivamente trabalhado fora do mar. Além de Dino, seu corner tem ninguém menos que Brad Gerlach, que atua como seu técnico.

Assim como no futebol, parece não existir ninguém mais bobo no surfe. E quanto mais os profissionais reforçam suas equipes, mais chances têm de ascender na carreira. Uma equação até bastante simples de se entender.

Nas duas etapas brasileiras, Kolohe despachou o compatriota Tanner Gudauskasem, em Itamambuca, e bateu Hizunomê Bettero, no Arpoador. Mostrou-se, nas duas situações, letal do início ao fim do tempo de disputa. Contra Hizu, ainda mais. O brasileiro impôs um ritmo intenso, fez uma nota 9 e mesmo assim, Kolohe achou duas ondas na casa do oito alto para vencer a disputa, quando a vitória do paulista era considerada certa.

Foram dois aéreos, em ondas para a direita - mais difíceis de aparecer no Arpoador -, mas o garoto mostrou que não precisa de muita rampa para deixar os juízes embasbacados com suas performances. Tudo indica que Kolohe vai entrar na elite mundial.

É mais um jovem talento que chega para, aos poucos, colocar um pouquinho de espinha na cara do enrrugado ASP World Title.

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