Fenômeno para chamar de seu

FENÔMENO Medina vence seu primeiro evento do WT, o Quik Pro France
Se Gabriel Medina fosse lágrimas, seria capaz de encher um rio. Certamente. O menino, de 17 anos, vá lá, tinha um tapete vermelho à disposição do seu caminhar na elite mundial. No surfe, no entanto, é preciso mais. E ele procurou ir além.  Se o torcedor queria céu, Medina o levava a alturas estratosféricas. No Quiksilver Pro France, em Hossegor, cravou o primeiro título na carreira entre os melhores do planeta. Deixou para trás Kelly Slater, Taylor Knox e guardou o melhor para a final, ao vencer Julian Wilson, com uma onda de rara dificuldade, que só os extrasséries são capazes de executar. Medina chorou mais em Imbituba, este ano, quando venceu o prime na Praia da Vila. Mas quem ama o surfe, o Brasil e essa garotada que vem por aí, pode ter certeza, não se conteve. Debulhou-se. É o sonho brasuca se personificando. Tomando corpo e deitando e rolando para cima dos adversários.

Medina se encontrou com Julian Wilson no prime de Portugal. De tantas finais em um ano de ouro, fez mais uma. Naquele momento, o resultado nem decidiria  mais nada em favor do prodígio brasuca. Mas a "escovada" que levou do australiano ficou guardada. Wilson é o superstar deles. Um dos surfistas mais bem pagos do mundo - 1 milhão de dólares por ano. É endeusado. Por ser aussie, mais ainda. Gabriel, de São Sebastião, devolveu a derrota numa etapa da elite mundial. Com juros e correção monetária, muito acima da inflação.

Medina precisava de uma fábula para vencer a bateria. Na sua última onda não se acanhou. Surfou no limite. A nota demorou a sair. Expectativa na praia, no webcast. Todos queriam a primeira vitória no Tour do cara que é considerado o maior de todos da sua idade. O que vai tomar de assalto o circuito daqui a alguns anos. Não teve jeito. Não tinha, desta vez, como dar 1 ponto a menos. O termômetro estava na praia. O mundo estava na tela do computador. Outro erro de avaliação, como o que deu vitória a Slater, na quinta fase, seria imperdoável. E o brasileiro, que até pouco tempo atrás era uma promessa mundial, conquistou sua primeira vitória  no ASP World Title Race - aquele mesmo, o circuito dos sonhos - e fincou bandeira no hall do WT. É muito para um adolescente de 17 anos. Mas pode ser pouco para um garoto que não só tem talento como uma vida toda pela frente. O goofy Medina está de parabéns. Agora sim, deixou de ser promessa e, definitivamente, transformou-se em realidade.

"Esta é a melhor sensação do mundo", disse Medina. "Eu bati grandes adversários no caminho para a final e estou muito feliz. Eu quero agradecer a todos os meus amigos,  a minha família e a Deus pelo seu apoio. Foi uma semana incrível para mim. Há apenas dois anos estava aqui competindo no King of the Groms e eu ganhei esse evento - com direito a placar máximo (20 pontos ou dois 10, como preferirem), contra o amigo Caio Ibelli - e agora estou aqui no evento principal. E ganhei dele (Julian Wilson). Não parece real", afirmou o prodígio nacional. Foi muito real. Em tempo, Medina só não era, neste domingo, principal notícia do site da ASP. Fazer o quê?

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