Por uma arbitragem melhor

Foto: Chauché
QUERIDO Taj tem sido beneficiado e muito nos últimos campeonatos
Foto: Cazenave
VÍTIMA Gabriel Medina surfou melhor, mas os juízes deram a vitória para Slater
É tênue a linha entre o erro e o acerto de quem trabalha no palanque dos campeonatos de surfe, aplicando notas baseadas em critérios meramente subjetivos. O erro é iminente. Os descontentes, então, formam exércitos de muitos homens. É difícil entender os resultados, mais ainda quando a paixão está dando suas voltas. Sempre adotei uma política de trégua permanente com árbitros. A ponto de achar chata essa egopatia de que o mundo está contra o Brasil e seus riders.

O foco contra uma nação não existe. A questão é outra. Existe, sim, um peso diferente para alguns surfistas do tour. Isso é fato. Uma rabiscada de Kelly Slater vale mais que um batidão reto de backside de Jadson André - ou de qualquer outro que não esteja no mainstream do esporte.

O erro é normal. As aberrações é que despertam descontentamentos. Criam um ambiente instável, no limite. O surfe começa a chegar a um nível de profissionalismo e investimento que deveriam inviabilizar idiossincrasias que dominam o esporte e os seus árbitros. Kelly, Taj Burrow, Jordy Smith, Joel Parkinson, Mick Fanning não precisam de ter suas ondas potencializadas por um ponto, um e meio a mais nas suas ondas. São fenômenos por si só.

Taj, "o pobre coitado do Tour" - aquele que é talentosíssimo, mas desperta o choro alheio por não ter um título mundial - vive um momento especial. Laços estreitíssimos com os homens lá de cima. Se na final do Billabong Pro Rio o australiano, até hoje, verte-se em ironias em relação à vitória de Adriano de Souza (Mineirinho), de lá para cá tem sido alvo de uma complacência difícil de ser engolida nas etapas da elite mundial pós-Rio.

Não é preciso ir longe para demonstrar em fatos o que está escrito. No Quiksilver Pro France, que nesta terça-feira (11/10) chegou às quartas de final, com Alejo Muniz e Gabriel Medina na luta pelo título - assista o evento clicando AQUI -, Taj venceu Raoni Monteiro e Travis Logie em baterias que merecia perder. Não tem subjetividade nem replay no monitor dos árbitros que me façam mudar de opinião.

Outro exemplo claro de como não se deve julgar uma bateria ocorreu na quarta fase, em que Kelly Slater caiu contra Gabriel Medina. É só assistir uma onda após a outra (todos esses exemplos você pode conferir clicando Heat Review), que não precisa ser juiz para perceber que basta uma encostada do fenômeno para os árbitros soltarem as notas. No Facebook e no Twitter as críticas brotam por todos os lados.

Ter uma modalidade forte significa não deixar margem para qualquer entendimento. O campeão, salvo parcos erros, tem de ser aquele mesmo, o melhor da temporada. Nos próximos anos, o surfe tem a intenção de progredir. O caminho está demarcado. As olimpíadas pode ser a meta dos próximos 10 anos. Para o bem dessa evolução, salvo todos os problemas levantados nos últimos tempos - um deles o baixo número de competidores na elite -, é necessário julgar com carinho e cuidado.

Ter como parâmetro outros esportes com critérios objetivos vai ajudar a dar maior cancha à arbitragem da modalidade. A grandeza de qualquer esporte começa pela lisura de apontar os melhores sem distorções. Dá para conseguir. Pode ter certeza.

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