Inconstância ilimitada

Foto: Cestari/ASP
ENTOCADO Jadson salvou o dia e mostrou como se faz para seguir adiante
O que pega é a inconstância. Ter hoje o segundo maior contingente da elite mundial não é tudo. É necessário entrar para vencer. Pela segunda etapa seguida, só um brasileiro passou direto para a terceira fase do evento - os outros seis caíram para a repescagem. O salvador da pátria da vez foi Jadson André. Em Hossegor, no Quiksilver Pro France (assista ao evento clicando AQUI), achou as melhores e seguiu um caminho sem sobressaltos.

Os demais estão na repescagem. E, nesta quarta-feira (5/10), Adriano de Souza (Mineirinho) foi o primeiro a dar adeus ao evento.

Não é uma questão de emplacar 100% dos competidores brasucas. Cair, um dia, todo mundo cai. Mas tem se tornado uma constante no Tour desclassificações duras de engolir. Aqui e acolá, não importa o atleta, a desconcentração tem sido um bicho-papão difícil de lidar.

Um exemplo foi a derrota de Mineirinho para Dane Reynolds, na França. O norte-americano é um queridinho? É. Tem um surfe inovador? Tem. Mas quem deu as cartas durante a bateria toda foi o brasileiro. Só que deu as cartas sem dar, se é que vocês me entendem.

Para passar tem de cortar a cabeça do adversário - no bom sentido, claro -, como se faz com uma cobra. Nada de paliativos. Ou... Dane vai pegar uma onda faltando dois minutos para terminar a disputa e vai seguir o seu caminho. Foi o que aconteceu. Uma novela que tem se repetido exaustivamente.

A tropa brasileira pode passar para a terceira fase e muitos deles têm talento de sobra para isso. Mas, por mais subjetivo que seja, às vezes falta um algo mais. Um foco maior. Um sanguezinho no olho não faz mal. É feito canja de galinha.

Há dois anos, mais ou menos, escrevi uma coluna que falava sobre a vitória de Renato Galvão num seis estrelas em São Paulo, sobre Patrick Gudauskas, num espaço que tinha no JC Online (Leia Aqui). Galvão havia sido merecedor da taça, mas fiz a pergunta: quando o surfista vai voltar a vencer outra vez?

Gudauskas, naquela época, tinha competitividade e talento de sobra - ainda hoje tem. E dificilmente perdia nas etapas do ex-WQS nas primeiras fases. Tanto que se classificou para a elite, ao lado de Jadson. Este sim, à época, o mais consistente dos brasucas e da divisão de acesso.

É preciso fome para vencer. É preciso ser estrategista, frio. Falta um pouco disso no nosso sangue latino.  Entender o que se passa nos eventos é um segredo dominado por poucos. E ser completo não é só ter estilo, entubar como poucos ou voar como mais ninguém. É saber competir.

highlights do primeiro dia de competição na França

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