Sunny "versão do bem"

Fotos: Divulgação

PESO PESADO Para Sunny, se Kelly se mexer não tem para ninguém  na ASP

PESO PESADO 2 Kelly disse ao amigo que não é culpado das coisas ASP inventa

Distante do Tour mundial e beirando os 42 anos, o havaiano Sunny Garcia é lembrado, geralmente, em duas situações: no surfe de manobras power e na violência imposta aos incautos haoles que visitam o Havaí em busca de ondas perfeitas.

Pouco se sabe o quanto tem se envolvido por um surfe melhor e mais expansivo que a fórmula atual prediz. Ele não está lá dentro. Muito menos participa das reuniões da ASP, que só o procura quando quer o consentimento para realizar as competições nos picos havaianos. Tem sido rotina, no entanto, a cada etapa do ASP World Title Race 2011, suas alfinetadas no amigo Kelly Slater, em prol da evolução do esporte.

Sunny não tem mínima intenção de maltratar um cara que tem como irmão. O havaiano sabe, sim, da força de Kelly naquele mundo de poucas vozes dissonantes. E entende que uma melhora na categoria passa, essencialmente, pelo gosto do norte-americano, legenda da modalidade, com seus 10 títulos mundiais.

Ocorreu na época da etapa de Nova Iorque e, agora, na da França. Pelo Twitter, Sunny e Kelly trocaram argumentos acalorados sobre as regras do WT. O havaiano é pela democracia. Slater é pela diminuição ao máximo no número de competidores. É pela criação de uma casta perpétua na elite.

Sunny destaca que, na fórmula atual, sofre a nova geração, ávida e preparada para o circuito mundial. A mobilidade é pouca entre a divisão de acesso e o WT. Muita gente boa vai ficar pelo caminho e o futuro do esporte pode ser de uma legião de frustrados em pouco tempo. Gente que nunca vai ser um Kelly Slater, mas que poderia estar na elite, sonho de 9 entre 10 surfistas do mundo.

Ao instigar Kelly a levantar o "traseiro" da cadeira e fazer alguma coisa pelo futuro do esporte, Sunny faz um bem danado ao surfe. Kelly, por outro lado, não compra a briga dos outros. Acha o fardo pesado demais.

E, por isso mesmo, cutuca-o das maneiras mais doídas. Como um amigo de verdade tem de fazer quando se torna necessário. Por meio do webcast, parece que o havaiano cansou de ver uma elite de 32 surfistas - número aquém dos 20 milhões de praticantes no mundo -, que passa o tempo todo reclamando.

Para Michel Bourez, que tuitou um desses contentamentos na época da etapa de Nova Iorque, Sunny não se fez de rogado: "Vocês da elite mundial são bem pagos para surfar bem, esteja a condição que for". A interferência do dândi havaiano recebeu um aceno de consentimento do próprio Bourez, também via Twitter, que ninguém está doido de encarar o maior marrento do surfe.

BATE-PAPO ACALORADO
Na tarde desta quinta-feira (6/10), mais uma vez Kelly e Sunny conversaram abertamente no Twitter. O diálogo foi mais ou menos esse. Os acontecimentos estão na ordem de entrada das frases.

Kelly Slater - Surfe é melhor com menos atletas. A taxa de mudança de 10% ao ano cortou muitos jovens, os melhores caras. Qual a solução, então? O corte do número de profissionais (de 44 para 32) foi uma escolha dos patrocinadores, votado pelos surfistas há dois anos.
Sunny Garcia - Pensei que o corte era para realizar o evento em três dias. E criaram uma nova rodada para os perdedores...

Kelly - Todos nós pensamos nisso. Você insinua que a culpa/escolha é minha. Só que o surfe é melhor com menos caras e todos votaram.
Sunny - Você é um líder e tem de começar a liderar. Tem de parar de assistir a tudo de trás da cerca. E ajudar quem vem por aí.

Kelly - Essa situação é inapropriada. Essa não é uma batalha entre eu e você. E eu sempre estou nas reuniões para saber o que acontece por lá. Lutamos para melhorar a premiação, a assistência para os surfistas, o webcast e etc. Os melhores estão no Tour e tem muito a ser feito.
Sunny - O que você fala tem muito peso. Assim que começar a se meter, certamente os caras vão tentar fazer tudo o que pedir. Se tem um cara que pode ajudar os surfistas é você. E sinto muito se continuo insistindo nisso, meu amigo.