Surfe diz não ao doping

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SURFE O esporte deve impor exames antidoping em 2012 aos profissionais
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FISCALIZAÇÃO É preciso vitar que o competidor se utilize de substâncias proibidas
Aqui e ali aparecem uma relutância, uma implicância. Mas o exame antidoping no surfe é uma realidade. Até demorou. Agora, não vai tardar. Se tudo andar dentro do planejamento da Association of Surfing Professionals (ASP), 2012 vai ser o ano da marcha rumo ao profissionalismo.

Não há como fugir, embora o espírito solto da modalidade tenha andado paralelamente às drogas durante décadas. Um dava guarida ao outro. O surfe, no entanto, cresceu. O número de praticantes não é o mesmo do passado, a competitividade idem, as marcas investem milhões - ainda muito pouco, vá lá - em eventos e atletas e, num mundo prestes a ser devastado pelo crack e com histórico de morte de ídolos por uso de outras substâncias, era preciso dar o bom exemplo.

Noves fora qualquer discurso pró ou contra drogas, que a intenção nem é esta, os olhos miram-se em uma nova ordem mundial cravejada em cima das disputas. A cada ano que se passa, o nível dos atletas aumenta e a visibilidade também. Ganhar é sinônimo de bons contratos e bons contratos rendem muito dinheiro. Estar em evidência requer dedicação. Horas e horas de treinos. E estar atrás, perder-se da linha de frente, é motivo de sobra para burlar as leis naturais do corpo.

Muitas vezes essa "ajuda" é buscada em produtos que nada tem de naturais, mas que potencializam a força física - e a competitividade -, que nos dia atuais anda grudado ao talento. E é para combater o competidor indecente, aquele que se aproveita das substâncias anabólicas, que é necessária a fiscalização.

Ter uma lei rígida, seguindo os princípios da Wada, o fiscalizador mundial de antidoping, é ganhar credibilidade no meio desportivo. Sair da condição de esporte marginalizado para uma modalidade madura, que prima pela lisura de suas disputas.

O que pode ser um ato intempestivo para os mais antigos, certamente, é sim uma cesta de três pontos da ASP no fortalecimento do surfe em âmbito mundial. Esse tipo de medida é uma espécie de caminho sem volta para quem quer desenvolver e ajustar o desporto à condição de prática salutar para todo ser humano.

É de se entender a relutância de alguns em relação ao tema. No Facebook, uma interpelação indagava se o álcool também não era uma droga.  É sim. Mas é legal e foi comprovado que seu uso em vez melhorar a performance alheia, só a piora - isso é até meio óbvio.

Cabe ao profissional - veja bem este nome, profissional - saber se vale a pena, realmente, usá-lo antes ou durante um evento. É uma escolha. E ser considerado dopado por maconha, que também não turbina ninguém dentro da água? A ASP é que vai escolher as penas de acordo com a gravidade de cada caso. Tudo deve passar por uma discussão. Mas, repita-se, foi um grande passo para se adequar de vez ao mundo competitivo.

Não se pode esquecer que a medida tende a estabelecer regras em competições. E, no sentido lógico da coisa, quem opta por ser um surfista profissional e aceita viver o mel e o fel do esporte tem de se adequar às regras.

Ninguém, por mais talento que tenha, é obrigado a se sujeitar às imposições da ASP ou mesmo participar dos seus campeonatos e circuitos. O surfe é mágico por também dar opções de você viver do esporte sem ter de se sujeitar às imposições de qualquer entidade que seja. Pode-se trilhar o mais puro "soul surf", sem dever a ninguém. A liberdade como deve ser, com livre arbítrio de ser e consumir o que bem entender.

Mas se você optou pelo jogo, está sujeito às suas regras.

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