Quando os deuses dizem sim

ESPECIALISTA Kieren Perrow mostrou que é um dos melhores do mundo em Pipe
Se tivesse a vida contada em filme, o título certamente seria o batido: "A Volta dos Que Não Foram". É fato. Não que Kieren Perrow seja um surfista a se descartar. Entre tantos do ASP World Title, a elite mundial, está num patamar de tantos outros que estão na roda viva do circuito. Penam para, um dia, não cair. No entanto, tem dois trunfos. Seria preciso mais para posar ao lado de Kellys, Parkos e Mineiros da vida, mas saber escolher onda como ninguém e surfar Pipeline como poucos já bastam. Durante este ano, bateu alguns adversários por antever a "jogada", com um estilo anacrônico, mas justo. Em Pipe, há alguns dias, conquistou uma vitória no maior dos templos. Em condições épicas chegou ao seu ápice. Foi sem dúvida o melhor da competição. Em 2010, ficou com o vice. Em 2011, no entanto, os deuses do surfe não cometeram um novo erro.

"Não me conformo até agora com a derrota do ano passado", disse Perrow, logo depois da vitória sobre o compatriota Joel Parkinson, mostrando que, havia 365 dias, não suportava a dor de uma relação malresolvida com Pipe. "É muito bom voltar aqui e poder vencer. Foi um grande evento, com ótimas ondas, mesmo hoje (sábado), foi simplesmente fantástico. Ondas fenomenais, como nunca tinha surfado Pipe em toda a minha carreira. Foi tudo muito bonito, o ápice para mim", concluiu, selando a paz com sua consciência e com a pérola internacional.

Assim como no ano passado, Kieren foi sempre letal  na última edição do Pipe Master. No último dia de evento, com ondas menores, mas nem por isso menos adrenalizantes, soube unir a sua experiência na leitura das condições com a maestria de entubar como ninguém. Competir em Pipeline é para poucos. Treinar nesse local sagrado do surfe, com um crowd fora do real e rechado de locais barras-pesadas, menos ainda. Enquanto os havaianos e os residentes no arquipélago havaiano vão somando quilômetros de tubos em Pipe, quem não goza desse prestígio a diferença tem de ser feita na hora, feito caldo de cana. É entrar no mar e pensar: "É agora". Kieren fez mais. Não só percebeu o momento, como não deixou o título para outro adversário. Evoluiu também nesse quesito. Daqui para frente, o australiano pode até dar adeus à elite mundial. Mas já vai ter assinado seu nome no panteão do surfe. Para quê mais?


Kieren x Parko

Comentários

  1. Belas imagens, e o clima de competição em Pipeline com essa galera na praia é de arrepiar . Elielson FNSC - Recife PE .

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