ENTREVISTA/Bernardo Pigmeu

DE VOLTA Pigmeu espera vida nova a partir de agora. Já começou o ano bem

Bernardo Miranda (Pigmeu) tenta recomeçar no surfe internacional. Depois de deixar a elite mundial, há três anos, marca o seu retorno entre os melhores para 2013. Para isso, terá de chegar entre os dez primeiros do ranking da divisão de acesso da ASP World Ranking ao fim da temporada. Sem patrocínio - ele encerrou uma parceria de 17 anos com a Hang Loose -, confia que uma mudança de ares pode ser boa. "Existem mudanças que vêm para melhorar nossas vidas", crê. Prestes a competir no Hang Loose, em Fernando de Noronha, depois de conquistar sua vaga nas triagens, Pigmeu só pensa no título da competição. 
SURF IS IN THE AIR - Você encerrou uma relação de 17 anos com a Hang Loose, marca que o patrocinava. Qual a perspectiva para um acerto com uma nova empresa? 
BERNARDO PIGMEU - Tudo é muito recente. Faz apenas duas semanas que encerramos essa relação. Ainda não existe nada certo em relação a outras marcas, embora já tenhas feito uns contatos. É um novo ciclo que se abre na minha vida. A amizade com Alfio (Lagnado, dono da Hang Loose) continua a mesma. Só não chegamos a um acordo. Sabia que isso era possível. Por isso, me preparei muito psicologicamente. Não existe ninguém insubstituível. Agora é manter a calma e partir para uma nova. 

SURF IS... - Você é considerado um dos surfistas mais talentosos do Brasil, mas andou desaparecido das competições. Pode-se encarar 2012 como um recomeço no circuito mundial? 
PIGMEU - Acho que é por aí. Vou disputar a competição em Noronha e, logo depois, viajo para a Austrália. A intenção é realmente correr toda a divisão de acesso deste ano. Passei um tempo desmotivado, logo depois que perdi meu pai e meu irmão. Estava muito voltado às competições, longe da minha família. Coloquei na cabeça que somos peças de reposição. E optei por ficar mais ao lado da família e dos amigos. Agora estou voltando para buscar meu espaço. 

SURF IS...- Esse seu recomeço coincidiu com a sua classificação para o Hang Loose por meio das triagens (ele foi segundo colocado, ao lado de outro pernambucano, Paulo Moura, que também se classificou). Você encara esse resultado como um bom presságio? 
PIGMEU - Ter me classificado para o evento num campeonato tão difícil como essa triagem abre sim uma boa perspectiva. Estou sem patrocínio e fiz boas pontuações. Pude dar muito de mim e mostrei que estou no páreo. Estou numa fase de mudanças e acho que elas chegaram para o meu bem. 

SURF IS... - Falando novamente em recomeço, você é um especialista em tubo e é exaltado pela sua linha clássica de surfe. Como vai ser competir com essa nova geração do surfe mundial que tem nas manobras aéreas seus maiores trunfos? 
PIGMEU - Particularmente, acho que pegar tubos e ondas grandes é mais difícil do que dar uma manobra aérea e outras manobras futuristas. Porque para aprendê-las você pode treinar em qualquer lugar. Mas estou treinando os aéreos para poder entrar neste nível que vemos nos dias atuais. Eu gosto, mas não é meu forte. Jamais, no entanto, vou colocar de lado minha linha de surfe ou meu talento para pegar tubos. Sou um surfista mais de raiz. Aquele que realiza as manobras de maneira mais elaborada e que sabe ter uma leitura melhor da onda, como Fábio Gouveia e Tom Currem. 

SURF IS... - Depois das triagens, amanhã (hoje), começa o Hang Loose Pro Contest. Quais as perspectivas para essa prova? 
PIGMEU - O título da etapa passa pela minha cabeça. As intenções são as melhores. Estou buscando o melhor e vamos ver aqui o que vai acontecer. Estou tranquilo e, ao mesmo tempo, estou me cobrando muito. Mas a tática é a de sempre. Passar bateria por bateria e ver no que vai dar.

Comentários