A emoção do primeiro 10

Foto: Hilleman
10 NOTA 10 Ian entrou para o seleto grupo de surfistas que já tirou a nota máxima
Só quem tira um 10 numa bateria sabe o que é ser feliz. Para um surfista, até que a marca emblemática se materialize, fica uma sensação de vazio no ar. E olhe que muitos, muitos mesmo, nunca vão ter o gostinho de receber a nota máxima dos juízes. O pernambucano Ian Gouveia rompeu essa barreira no Pier Classic, evento quatro estrelas da divisão de acesso do ASP World Tour, realizado em Huntington Beach, na Califórnia. É como estivesse, definitivamente, pronto para encarar a dureza do circuito mundial - até o ano passado, seu foco eram as competições amadoras.

A carreira de Ian tem uma singularidade. Talento desde cedo, demorou a sair pelo mundo em busca da tão sonhada vaga entre os melhores do mundo. A demora, no entanto, foi proposital. Filho de Fábio Gouveia, o maior surfista brasileiro de todos os tempos, teve por trás pessoas interessadas em prepará-lo com uma paciência poucas vezes vista no surfe. Ian foi sendo esculpido com a calma de um artista, enquanto outros de sua mesma idade - 19 anos -, muito cedo, já conviviam com o estresse das competições.

Talvez por isso tenha sempre se postado na penumbra dos holofotes, mesmo tendo surfe suficiente para fazer o mesmo sucesso de outros talentos da nova geração, mais conhecidos do que ele, como Jessé Mendes e Caio Ibelli, só para citar dois exemplos. Durante esse tempo, trabalhou o estilo - muito parecido ao do seu pai, sendo o garoto goofy footer - e especializou-se nos tubos. Como uma das suas melhores participações em campeonatos, foi o quinto no Hang Loose Pro Contest, há dois anos, perdendo nas quartas para Bruno Santos, o virtual campeão da etapa.

"Estou muito feliz. Não pensei que a onda fosse me proporcionar uma nota tão fantástica. Ela fez uma parede e eu pude soltar o meu surfe", disse. "Surfei poucas vezes em Huntington e estou correndo atrás dos pontos para  poder disputar as etapas primes da divisão de acesso. Isso é importante também para me dar experiência e segurança nos eventos", continuou Ian, que do jeito que vai logo, logo vai ser mais um a representar o Brasil no circuito mundial. Pode esperar.

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