Medina x Florence polarizam disputa

Foto: Covered Images ASP
PELO TUBO Além de andar nos canudos com maestria, J.J. também sabe voar
GAROTO DE OURO Medina no estilo. Mesmo quando não decola, ele esbanja qualidade
O exercício de premonição é duro. Mas, após os últimos anos de marasmo, em que Kelly Slater dominou o circuito sem ter um segundo - Taj Burrow ou Joel Parkinson, que poderiam chegar junto sempre deram passagem ao mestre -, é interessante notar que uma polarização na disputa deve ficar entre duas promessas mundiais nos próximos anos: o havaiano John John Florence e o brasileiro Gabriel Medina. Os últimos resultados de Florence - ele acabou de vencer o Prime em Margaret River, em condições clássicas - e a entrada triunfante de Medina na temporada passada é um convite a tais elucubrações.

Pode ser um devaneio, mas se tudo correr dentro das CNTP (condições normais de temperatura e pressão), os dois vão travar grande duelos, disputando passo a passo o cetro mundial.

O esporte precisa de ídolos. Mais do que isso, protagonistas e antagonistas. "Herois e vilões". Não foi à toa que a mídia especializada carregou nas tintas, durante anos, ao falar de um suposto ódio entre Kelly Slater e Andy Irons. A tática movimentou a categoria e levou a modalidade a patamares econômicos nunca antes vistos. Até que um dia os dois posaram de melhores amigos, dividindo ondas, trips e a vibe do surfe até a morte precoce do havaiano.

A análise entre Medina e Florence não é só uma vontade de reviver tempos em que tudo poderia acontecer ao final da temporada. Está meio explícito. A qualidade dos garotos é evidente. E por mais que doa um pouco no coração da brasucada, existe até a superioridade de John John, pela peculiaridade dos eventos da elite da ASP. Geralmente, pegar as grandes e andar profundo nos tubos é o que vale mais.

Mas a coisa vai ser decidida mesmo é dentro do mar. E as condições de onda são sempre uma incógnita no ASP World Title (WT).

Gabriel Medina carrega o que se chama de talento puro, inato. Criou-se nele ainda na gestação. Coisa que acontece com poucos no mundo. Arrombou a porta ao mostrar um alto grau de surfe progressivo. Seu aéreos são mais altos e radicais, o seu estilo começa a ficar mais polido, tem pressão nas manobras tradicionais e anda bem dentro do tubo. O problema é que Florence chega com o status de maior tuberider da atualidade, seja de costas ou de frente para a onda. E quando as condições ficam críticas, o havaiano se sente mais à vontade. Some-se aí o fato de J.J. também ter no seu repertório os voos. E ele sabe completar as decolagens. 

O páreo vai ser duro. Mas o Brasil conta com a facilidade que o brasileiro tem de aprender e a sua inteligência emocional, que o permitem resolver as paradas em segundos, sem se desesperar, podem fazer a diferença em seu favor.

Tudo são meras especulações. Talentos nascem e morrem no início da caminhada. Já aconteceu muito. É necessário, agora, disputar uma "competição subjetiva", que não está no cronograma, de quem absolverá melhor as condições extra-surfe nos próximos anos. Quem passar o teste, é o real candidato ao novo rei do surfe mundial. Mas todos nós vamos ter de esperar um pouco para ver isso tudo acontecer.

John John em Margaret, na sua última atuação pelo Tour


Gabriel Medina em ação

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