Pernambucanos tocam sonho australiano

Fotos: Alan Donato/Divulgação
CAFÉ DA MANHÃ Ao lado de Rodrigo Trajano (cabeceira), Alan  (C) e Luel inciam o dia
HORA DO TRABALHO Luel se prepara para mais uma bateria do Australian Open
GALERA Ian (cinza), Alan (preto) e Luel (branco) aproveitam o dia na Austrália
Não chega a ser uma invasão. Mas a temporada australiana de eventos do ASP World Tour - etapas do World Title (WT) e ASP Stars (divisão de acesso) - assiste a uma presença significativa de surfistas pernambucanos. Depois de anos afastados dos campeonatos mais importantes do mundo, os representantes do Estado não pouparam esforços para começar a temporada entre os melhores do mundo.

Só assim, com uma soma significativa de atos penosos, conseguiram chegar lá. No Surfest, em Newcastle, na Austrália, são seis nascidos em Pernambuco em ação: Cezar Aguiar (Molusco), Alan Donato, Halley Batista, Luel Felipe, Ian Gouveia e Bruno Rodrigues. Dá algo em torno de 22% dos brasucas do evento.

Com a formação de um novo ranking da divisão de acesso em curso, os atletas observaram uma oportunidade única de melhorar a classificação no Tour até mesmo para conquistar livre acesso nos campeonatos Primes, os mais valiosos da ASP Stars, eventos que distribuem mais pontuação e dinheiro. Importantes para quem sonha um dia em chegar na elite.

"A ideia é somar pontos e reforçar o nosso seed (espécie de pontuação que determina a participação nos eventos mais valiosos). Vale o esforço para poder melhorar na classificação", diz Alan Donato, que está entre a Austrália e Bali há um mês.

Para os pernambucanos, a coisa não é fácil. O intento de um dia fazer parte do WT exige investimentos vultosos. E não são raros os exemplos de surfistas que reinvestem tudo o que ganham de premiação nos campeonatos estaduais, regionais e nacionais, em passagens, hospedagem e equipamentos. Do grupo, o único que pode dizer que tem um patrocínio master de fato, que banca tudo - e até um certo luxo - é Ian Gouveia, radicado em Florianópolis desde os 12 anos.

"Resolvi participar dos eventos da divisão de acesso para tentar vaga no WT. Muitos com minha idade estão se dando bem nas competições. Então acho que chegou a minha hora", disse o surfista, de 19 anos.

Os demais moram em Ipojuca, recebem ajuda considerável da prefeitura local e algum investimento das marcas que os patrocinam. É um dinheiro importante, mas está longe de bancar totalmente as cifras caras de quem corre atrás do Tour. O que são as dificuldades num roteiro de pessoas que querem alcançar a felicidade plena? No caso desses pernambucanos, nada.

E, com algum dinheiro do bolso e uma ajuda daqui e dali, não vão desistir nunca dos seus projetos. Pode ter certeza.

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