Raio-X brasuca em Snapper

                                         Fotos: ASP
SOLIDEZ Mineirinho foi bem do início ao fim e acabou com o vice-campeonato
PATADA Com porradas de backside verticais, fez um bom torneio  e acabou em 9ª
CATIVAR É PRECISO Fez um surfe de linha e impressionou os juízes da ASP
INSTABILIDADE Medina surfou abaixo do que pode, frustando expectativas em torno dele
CRESCENTE Alejo vem de contusão e ainda não está com as manobras calibradas
Primeira etapa da temporada do ASP World Title (WT), em Snapper Rocks, deixou lições para os surfistas brasileiros calcados na elite. Cada um na sua, de acordo com sua participação no evento, deve repousar a mente e analisar o que de bom e de ruim aconteceu.

Os sete participantes do Mundial - Adriano de Souza (Mineirinho), Alejo Muniz, Heitor Alves, Raoni Monteiro, Miguel Pupo, Jadson André e Gabriel Medina - deixaram, em pequena parte, boa impressão. Mineirinho, por exemplo, foi vice. Além dele, Miguelito e Heitor chegaram à nona posição.

No mais, as direitas perfeitas de Bells Beach, a nova parada da elite, em abril, podem servir para uma apresentação mais encaixada dos tupiniquins. Surf Is In The Air está na torcida. Abaixo, uma breve análise da participação de cada um em Snapper.

Adriano de Souza (Vice-campeão)
Consistente em todas as baterias disputadas, inclusive na final, perdida mais pela subjetividade do julgamento do que outra coisa. De inédito, Mineirinho, que mesmo vindo da escola aerealista - ele prefere um surfe mais de linha nas competições -, achou as rampas e apostou nos aéreos reverses de frontside para seguir no evento. A tática foi perfeita. Foi assim, por exemplo, que deixou para trás nomes como os australianos Josh Kerr e Owen Wright, ícones dos voos no circuito.

Heitor Alves (9º colocado)
Foi mais prejudicado pelas poucas ondas nas suas baterias finais do que tudo. Com o backside vertical nas direitas de Snapper, conseguiu chegar à quinta fase sem dever a muito monstro sagrado da elite. Faltou melhor estratégia para derrotar Josh Kerr, mas esbarrou num surfista que conhece o pico como ninguém e, por ser regular, pôde ser mais consistentes nos aéreos.

Miguel Pupo (9º colocado)
Com um backside polido, Pupo não precisou sequer tirar da sacola seu arsenal aéreo. Uma boa notícia para os árbitros, que puderam julgar um surfe solto e conectado, além de vertical, nos moldes de Heitor Alves. A cada etapa, Miguel amadurece e se mostra um competidor sólido. Ficou claro isso em Snapper. Na derrota apertada para Ace Buchan, digamos que sua queda foi mais uma vez para a conta dos juízes.

Raoni Monteiro (13º colocado)
É sempre versátil, mas foi quando o mar esteve maior, no primeiro dia, que se achou em Snapper. Como sempre, escolheu bem as ondas e procurou o caminho do tubo, além de manobrar com maestria. Para não dizerem por aí que seu surfe é antigo, levou a expression session do campeonato, numa boa disputa com Gabriel Medina.

Gabriel Medina
Supervalorizado pela mídia e pelo público, Medina não se encontrou nas ondas de Snnaper. Não fez nada brilhante com o seu backside e, na primeira repescagem, errou muito tentando arrumar uma onda salvadora. Curioso, já que é exaltado também pela escolha e pela frieza de virar em cima da hora. Acostumado a marcar high scores, teve como maior nota nas suas duas caídas na água um 7,7. Saiu do campeonato na derrota para Yadin Nicol, estrela de menor grandeza do circuito.

Alejo Muniz
O catarinense vem de contusão, não está muito com o rip de competição, como se diz no surfe. As manobras ainda não estão saindo com a pressão peculiar de Alejo e isso se refletiu nas suas notas. O fato de estar sem competir há algum tempo influiu bastante no seus rendimento e tática de competição. Nada que as direitas de Bells não resolvam.

Jadson André
Continua sofrendo com a síndrome da segunda fase. Assim como no ano passado, tem penado para chegar às terceiras fases do evento. Menos pelo surfe, mais pela barreira psicológica que criou em relação a isso. Teve uma participação tão abaixo da sua capacidade, que sua maior nota, entre as quatro que foram computadas nas duas fases disputadas, foi um 6,17. Se Bells quebrar grande, pode ir bem, já que seu backside nas morras cresce a olhos vistos.

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