Medina, o fenômeno, voltou

Foto: Ken Worthy/Nike
ESTRELA Medina volta a assombrar o mundo com suas atuações perfeitas
Dois resultados aquém das possibilidades reais não enterram um talento. Por isso, a atuação de gala de Gabriel Medina em Lower Trestles, por ocasião do Nike Lowers Pro, evento prime do circuito de acesso do ASP World Title (a eleite mundial), não pode ser considerada o renascimento do fenômeno do surfe mundial, de apenas 18 anos. Foi, no máximo, a reafirmação do que o paulista, de São Sebastião, pode realizar. A realidade é que Medina está devendo no WT, fez apresentações medianas. Talvez nunca na sua carreira tenha passado tanto tempo sem brilhar. Foi mal em Snapper Rocks, mais ou menos em Bells Beach - provas que abrem tradicionalmente a temporada do Tour, na Austrália -, mas lavou a alma na Califórnia, na última terça-feira (1).

Tendo como adversários Heat Joskes, Ricardo dos Santos e Chris Ward, no round dos 98, foi o surfista de sempre, o idolatrado no mundo, a desancar sem piedade high scores dos árbitros, completamente atônitos com a sua atuação. O dia já havia sido de boas somas, ótimas ondas individuais, mas nos 30 minutos que teve o direito de surfar um dos picos mais perfeitos do mundo, Medina ganhou com 9.40 e 9.87 - 19.27, de 20 possíveis -, dando-se o luxo de descartar 8.33, 7.93, 7.43 e outro 8.33. Qualquer combinação com essas notas, teria passado para a próxima fase em primeiro lugar.

A expectativa criada em torno de Medina, no ano passado, assim que pisou no WT, a elite mundial, é que eleva as avaliações sobre suas atuações. Em 2011, como calouro, conseguiu vencer duas das quatro etapas que disputou, entre grandes medalhões do surfe, desprezando forças como as de Kelly Slater, Joel Parkinson e companhia. Este ano, esperava-se mais. Pegou de cara dois eventos em direitas clássicas e não conseguiu sobressair. Em Trestles, foi o de sempre. E sendo o de sempre, conseguiu o que conseguiu com pouquíssimo esforço.

Para quem estava com saudade do principal nome do "Brazilian Storm", como foi batizada esta geração nacional, que assombra o mundo com um surfe para lá de progressivo, Medina mostrou que o início do ano claudicante foi só uma fase que, tudo indica, passou. Aliás, em Trestles, para quem acha que só vence por ter nos pés a trinca "rasgadão, batida vertical e aéreo 360°", um detalhe. Sua maior nota, o 9.87, foi conquistada com pancadas retas e com muita pressão na parte crítica, de costas para a onda.

Medina tem a seu favor a juventude dos 18 anos e o fato de, como todo garoto, aprender facilmente com seus erros. É como se, a cada bateria,estivesse um pouco melhor. Sua atuação de back foi uma mostra real a sua evolução diária. A preparação e as fortes pancadas assustaram quem não aposta no talento quando está de costas para as valas. Some-se aí o caso particular de se estar falando de um extrassérie. Enquanto puder evoluir, não se sabe onde o paulista pode chegar. E puxar quem vem na sua cola. Bom para o surfe, ótimo para o Brasil.

A "cereja do bolo" do vídeo abaixo é justamente a atuação brilhante de Medina. Veja tudo do início ou adiante para as imagens final.

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