Ele não cultua rótulos. Mas o pernambucano Clemente Coutinho é considerado um dos melhores, quando o assunto é fotografar o surfe. Começou a usar máquinas como brincadeira, só para ver suas atuações nas ondas de Pernambuco. Anos depois, após um curso na França, a diversão virou trabalho. Daqueles que se faz com amor. "Deixei meu antigo emprego, montei um laboratório e caí na estrada", lembra, quando, em 1993, decidiu pela nova profissão. Nesta entrevista para o Surf Is In The Air, Clemente falou sobre diversos assuntos, como a modernidade do esporte. Na foto do topo, ele está ao lado do freesurfer e big rider Xandinho Ferraz, antes de mais uma session. No registro do meio, mais um momento congelado de Xandinho, em Fernando de Noronha, sua outra paixão. Na imagem acima, mais uma performance de Clemente, na Cacimba do Padre.
SURFISINTHEAIR - Quando você começou a se interessar pela fotografia?
CLEMENTE COUTINHO - Eu comecei a surfar, aos 8 anos. Na adolescência, eu e meus amigos sempre revezávamos uma câmera para termos nossas fotos surfando. Naquela época, quase não existiam fotógrafos especializados no Recife. Em 1989, fui morar em Paris e lá comprei meu primeiro equipamento e fiz um curso de fotografia. Em 1993, o extinto jornal "The Surf Press" estava sendo relançado e virei o fotógrafo oficial. Abandonei o emprego, montei um laboratório preto e branco, em casa, e caí na estrada.
SURFISINTHEAIR - Quais as temporadas inesquecíveis?
CLEMENTE - Todas tiveram um significado especial. Tenho boas recordações das que fiquei em Fernando de Noronha dois meses seguidos. Em dezembro de 1994 e em janeiro de 1995 e também em dezembro de 1995 e janeiro de 1996. Noronha faltava tudo naquela época e até para comer era difícil. Não existiam restaurantes e cheguei a emagrecer 10 kg na primeira vez. Na segunda, ganhamos o prêmio de melhor reportagem na Revista Fluir, intitulada: Cães Selvagens. A matéria mostrava como um seleto grupo de surfistas pernambucanos fazia para permanecer tanto tempo surfando em Noronha.
SURFISINTHEAIR - De lá para cá, você se deparou com muitas transformações do surfe. O que te mais impressionou em relação às competições?
CLEMENTE - O surfe competição amadureceu muito. A entrada da informática no julgamento foi essencial e, sem ela, o esporte não estaria onde está. Mas, ainda, falta um formato que prenda mais o admirador. Acho que a grande mudança só virá com as piscinas de onda, onde uma final poderá ter dia e hora marcada, com ingressos vendidos.
SURFISINTHEAIR - O mercado do surfe é nos dias de hoje mais profissional?
CLEMENTE - O mercado evoluiu bastante, principalmente no que diz respeito às confecções. Porém, os atletas ainda estão ganhando pouco. Apenas uma dúzia, no máximo, ganha merecidamente. As marcas internacionais entraram no Brasil, mas não deixam uma grande fatia no País.
SURFISINTHEAIR - Como saber detectar um bom fotógrafo de surfe?
CLEMENTE - Hoje em dia, com o advento da fotografia digital, ficou muito mais difícil analisar um bom fotógrafo. Com um equipamento de médio porte e um bom conhecimento de photoshop, pode-se fazer grandes fotos. Antes da "Era Digital", nós éramos avaliados pelas revistas por meio do aproveitamento de um rolo de filme de 36 poses. Se, num rolo, mais de 50% das fotos fossem boas, você estava aprovado. O que se vê, nos dias de hoje, são fotógrafos fazendo quinhentas fotos numa sessão, tratando e re-enquadrando uma dezena no photoshop e publicando as fotos em sites como se fossem grandes profissionais.
SURFISINTHEAIR - Você se insere em alguma categoria de fotógrafo em especial? CLEMENTE - Me considero fotógrafo especializado em surfe.
SURFISINTHEAIR - Alguns colocam você no posto de um dos melhores fotógrafos do mundo.
CLEMENTE - Acho que isso não faz muita diferença quando se faz o que gosta. O importante é ter o trabalho reconhecido e valorizado. Títulos são apenas recompensas pelo profissionalismo.
SURFISINTHEAIR - Qual o futuro da fotografia de surfe?
CLEMNETE - Para ser sincero, acredito que o futuro será a imagem em movimento. As grandes fabricantes de câmeras estão trabalhando no sentido de poder capturar, de uma filmagem, um "frame" com qualidade fotográfica. A fotografia "sthill" deverá continuar para produtos estáticos.
SURFISINTHEAIR - Dos projetos pensados, quais você ainda não colocou em ação?
CLEMENTE - Gostaria de fotografar lugares pouco explorados como Alaska, Madagaskar, India, Nova Guiné e por aí vai.
SURFISINTHEAIR - Quando você começou a se interessar pela fotografia?
CLEMENTE COUTINHO - Eu comecei a surfar, aos 8 anos. Na adolescência, eu e meus amigos sempre revezávamos uma câmera para termos nossas fotos surfando. Naquela época, quase não existiam fotógrafos especializados no Recife. Em 1989, fui morar em Paris e lá comprei meu primeiro equipamento e fiz um curso de fotografia. Em 1993, o extinto jornal "The Surf Press" estava sendo relançado e virei o fotógrafo oficial. Abandonei o emprego, montei um laboratório preto e branco, em casa, e caí na estrada.
SURFISINTHEAIR - Quais as temporadas inesquecíveis?
CLEMENTE - Todas tiveram um significado especial. Tenho boas recordações das que fiquei em Fernando de Noronha dois meses seguidos. Em dezembro de 1994 e em janeiro de 1995 e também em dezembro de 1995 e janeiro de 1996. Noronha faltava tudo naquela época e até para comer era difícil. Não existiam restaurantes e cheguei a emagrecer 10 kg na primeira vez. Na segunda, ganhamos o prêmio de melhor reportagem na Revista Fluir, intitulada: Cães Selvagens. A matéria mostrava como um seleto grupo de surfistas pernambucanos fazia para permanecer tanto tempo surfando em Noronha.
SURFISINTHEAIR - De lá para cá, você se deparou com muitas transformações do surfe. O que te mais impressionou em relação às competições?
CLEMENTE - O surfe competição amadureceu muito. A entrada da informática no julgamento foi essencial e, sem ela, o esporte não estaria onde está. Mas, ainda, falta um formato que prenda mais o admirador. Acho que a grande mudança só virá com as piscinas de onda, onde uma final poderá ter dia e hora marcada, com ingressos vendidos.
SURFISINTHEAIR - O mercado do surfe é nos dias de hoje mais profissional?
CLEMENTE - O mercado evoluiu bastante, principalmente no que diz respeito às confecções. Porém, os atletas ainda estão ganhando pouco. Apenas uma dúzia, no máximo, ganha merecidamente. As marcas internacionais entraram no Brasil, mas não deixam uma grande fatia no País.
SURFISINTHEAIR - Como saber detectar um bom fotógrafo de surfe?
CLEMENTE - Hoje em dia, com o advento da fotografia digital, ficou muito mais difícil analisar um bom fotógrafo. Com um equipamento de médio porte e um bom conhecimento de photoshop, pode-se fazer grandes fotos. Antes da "Era Digital", nós éramos avaliados pelas revistas por meio do aproveitamento de um rolo de filme de 36 poses. Se, num rolo, mais de 50% das fotos fossem boas, você estava aprovado. O que se vê, nos dias de hoje, são fotógrafos fazendo quinhentas fotos numa sessão, tratando e re-enquadrando uma dezena no photoshop e publicando as fotos em sites como se fossem grandes profissionais.
SURFISINTHEAIR - Você se insere em alguma categoria de fotógrafo em especial? CLEMENTE - Me considero fotógrafo especializado em surfe.
SURFISINTHEAIR - Alguns colocam você no posto de um dos melhores fotógrafos do mundo.
CLEMENTE - Acho que isso não faz muita diferença quando se faz o que gosta. O importante é ter o trabalho reconhecido e valorizado. Títulos são apenas recompensas pelo profissionalismo.
SURFISINTHEAIR - Qual o futuro da fotografia de surfe?
CLEMNETE - Para ser sincero, acredito que o futuro será a imagem em movimento. As grandes fabricantes de câmeras estão trabalhando no sentido de poder capturar, de uma filmagem, um "frame" com qualidade fotográfica. A fotografia "sthill" deverá continuar para produtos estáticos.
SURFISINTHEAIR - Dos projetos pensados, quais você ainda não colocou em ação?
CLEMENTE - Gostaria de fotografar lugares pouco explorados como Alaska, Madagaskar, India, Nova Guiné e por aí vai.
Comentários
Postar um comentário